A necessidade de Vigiar - I
Carlos
Mendes
31/12/2012
Quando nos ocorre mais o lamentar do que o alegrar, algo anda mal com os nossos conceitos de felicidade.
Festas, festins são solenidades comemorativas e nós as
celebramos com alegria que pode brotar de “boa” ou de “má” motivação[1]. E
não me delongarei em apreciações técnicas, pois é um artigo e não um compêndio
que escrevo, até porque para esta missão faltar-me-ia objetividade científica.
Aqui,
pretende-se induzir a vigilância que dá temperança nas escolhas dos “bons”
objetos correlativos das pulsões que movimentam a vontade, e esta o ser,
enquanto comportamento, ou fazer, enquanto realização.
É
dureza pretender expor através da embaçada luz científica o que só é possível
entender pela imanência da Sabedoria, seja, explicar pela psicologia o que nos
afeta o sermão do Divino Mestre, que lemos no
Evangelho de Lucas: 21:34 a 36.
Há
tendências virtuosas e maldosas no ser humano, espécie descaída da graça do
Criador, havendo mais semelhanças do que diferenças entre os significativos do
gênero humano. E a tendência para a semelhança é a maldade, pois o humano, na
carne se inclina com mais facilidade para o que é nocivo; para o que o degrada;
para o que o rebaixa à condição sub-humana, tendências estas que o mais das
vezes fica camuflada por comportamentos insinceros, como bem aplicou um antigo
amigo que entrevistei em pesquisas realizadas para escrever a autobiografia
romanesca e memórias “Bacia do Macuco”, ao responder pateticamente uma questão
que lhe propus: “Quer conhecer um homem, dá-lhe poder”.
E
o que vemos abundar na sociedade humana é uma permanente ocupação do domínio do
mal que impede a transição e mantém o continuado regresso a estado sempre piorado
enquanto esse ser humano se mantém na condição do que o apóstolo Paulo chama
“carne do pecado”. Essa situação preferencial entre a maioria dos indivíduos, se
os torna societariamente estáveis, também pode levá-los aos divãs dos
psicanalistas, ou à total inércia de foro íntimo, onde são processados os
julgamentos à multiplicidade. E quando esse meio carece do “temor a Deus”, tantas
vezes substituído pelo “cientificismo religioso”, a negação à revelação que
Deus de si mesmo fez por intermédio de Jesus recrudesce o sentimento ateísta, e
a religiosidade toma-se então, e apenas, um referendum religioso de pompa e
situação nesta vida.
E
eu replico: “Então não se morre?”
E
o jocoso cientificismo responderá:
― “Sim, mas aqui se retorna!”
O
que me leva a crer que o ser religioso pode tornar-se indolente e leviano até perante
a morte, que na preferência de alguns é: “O esquecimento de si mesmo”, ou a
“paralisação para sempre das funções vitais, sejam do corpo, do espírito ou da
alma”. Conforme um tio do autor deste artigo parenético: “Morreu, fedeu”.
Essa
indolência, e leviandade, leva o homem ao culto das coisas falsas, que são as
propostas preguiçosas de apoiar a vida para sempre como conseqüência de
repetidas encarnações, ou por se julgar incongruente a atitude de um “Deus bom
e santo” destinar ao inferno esse homem criado por Ele à sua imagem.
E
entre estes há os que continuarão indolentes e levianos, até que a morte, esse fim
que é único e definitivo afirmado pela Palavra de Deus, os pegue como o ópio
dos espiritualistas distraídos com as mefistofélicas aparições de entes mortos[2] quimérico e afrontoso repetir do mentiroso
arpagão: à verdade, que em Cristo, Deus anunciou distraindo-se
nas distrações que desejam voltar a repeti-las.
Então
não há um Deus que é eterno Bem? Propugnarão outros, assustados, talvez, pela
proposta da inevitável morte. Agostinho tem resposta para estes: “Deus é bom.
Deus é justo. Pode Deus salvar o homem sem mérito dele, porque é bom. Não pode
Deus condenar o homem sem demérito dele, porque é Justo.”
Tem
por aí gente mais sábia do que Agostinho foi? Nos Céus eu sei que tem, porque
lá habita a Trindade Santa. E Ela aguarda a todos que lá chegarem levados, no
“aqui e agora”, pelo Filho Unigênito, amado e bendito Salvador, “Ponte em Cruz”,
como é o título do pequeno poema de minha autoria que segue abaixo.
Graves
meditações e alegres revelações, eis o que desejo para todos os meus amigos.
Torvo monte,
Ponte em cruz,
Luz esplendente,
Plenamente,
É a vida
Oferecida.
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