sábado, 20 de setembro de 2014

Doze anos dos maiores embustes paralelos e progressivos em nossa republiqueta

Por: Carlos Mendes
                                                                        
O que produz uma ação de mal efeito, é o caráter do agente de índole maldosa. E quando o efeito tem por causa uma torrente impetuosa de constância maligna, ele se espalha e se converte em má inspiração, cujas conseqüências são catastróficas. Usando a figura de linguagem de um Salmo, seria a impetuosidade das catadupas chamando outras a congestão.
Este é o retrato atual do Brasil. Ele está doente pelo afluxo anormal de sangue cancerígeno que corre pelas suas veias, degenerando todo o organismo e levando à morte o princípio da honra, que é seu coração pulsante. Se registrássemos as ocorrências paralelas da propositada desídia no cumprimento do dever cívico de honrar o voto; se exigíssemos o mesmo dos mandatários da política nacional, então teríamos condição de publicar um “estudo descritivo de um conjunto de fenômenos, tal como eles se manifestam no tempo, por oposição, quer às leis abstratas e físicas destes fenômenos, quer à realidade transcendente, quer a manifestação, quer à crítica normativa de sua legitimidade”, o que na filosofia é conhecido como Fenomenologia. E isso nos daria o ensejo de proclamar como verdadeiro o velho axioma: “Cada povo tem o governo que merece”.
Chegamos ao estágio do envenenamento de todos os segmentos da sociedade civil brasileira, que, como uma inundação maligna  a impulsionar as catadupas da imoralidade, inunda todos os quadrantes nacionais e atinge todas as categorias de indivíduos da grande massa da sociedade civil, transformando-se em moda explicitada no ditado: “quem pode mais chora menos”.
Subverte-se o direito ao se dar margem ao expediente do “dar um jeitinho” para transformar a mentira em verdade, ou esta ao seu conceito mais escabroso. Aquí no Brasil está dando certo investir na impunidade, pois o direito e o juízo esquivam-se da prática da justiça e, assim, dão ganho de causa aos culpados, e isto em detrimento da sagrada proteção que se deve garantir aos indivíduos dedicados ao cumprimento de seus deveres cívicos.
Dos escalões mais elevados nos vêm as inspirações malignas que corrompem cidadãos, tornando-os mal comportados, que se juntam à súcia de legisladores descumpridores das próprias regras sociais que criaram (Leis), assolando injustamente os bem-comportados na outra ponta da escala social (Sorokin), com o que alguns destes cidadãos bem comportados acabam considerando a vantagem espúria dos catalogados bandidos, onde os mais poderosos, no conceito de um Estado sob domínio ou influência dos poderes políticos, pode tudo sobre os que deveriam ser por eles servidos, mas são humilhados por seus indignos representantes que deveriam exercer poder obsequioso, mas acabam se transformando em agentes opressores  da sociedade que os elegeu para servi-los.
Este é o quadro preponderfante de nossa maldita chaga sócio-política.


*O autor é Escritor. Autor do romance “O Milênio e o Tempo”