segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Canção em seis sonetos


Todos os que saiam pela porta da cidade
Tinham os prepúcios cortados pelo Hamor.
Despojo inútil, vergonhoso e sem valor,
De nada valeu, determinada a maldade.

Si-quem deflorou Diná, a formosa donzela,
Procurou redenção querendo ser seu parente,
Poupado devia ser de morrer brutalmente
Pelo golpe traiçoeiro dos dez irmãos dela.

Não fosse Jacó cruel, seria diferente.
De parente e genro chamaria o Siquém,
Casando sua Diná com esse pretendente.

Consentiu com os filhos feito que não convém:
Crime quase fratricídio e indecente!
Culpados são os heveus; do clã de Jacó, ninguém!

II

Veio de Jacó, como Diná, a deflorada,
O jovem José, zombado pelos irmãos brutais.
Bisonho o pai dava ao guri amor demais,
Zagal de vendeta pela honra disputada.

No lombo de José um bom manto, e vistoso,
Morando com rancor e instinto monstruoso
Momento nuançado com olhar desditoso
Roupas induzindo planejamento maldoso.

Traição sucedendo tentações beligerantes
Pôs o José em cova e depois no Egito,
Vendido por ismaelitas itinerantes.

Egito, seu fado triste, José, tão aflito,
Na casa de Potifar, o fiel Comandante,
Faustoso tempo colhido desfaz seu conflito.

III

Jargão jogado em charneca, a nhá consorte
De Potifar chama José ao charco do sexo.
Joga charada charmosa, chocha e sem nexo
Pra jovem lhano, xisto jaspeado e forte.

Pérfida, chocada com a fuga, faz cilada.
Persegue o José pela sua lealdade
Fazendo-o perder preciosa liberdade.
José, sem protestar, conserva a voz calada.

Posto em prisão, dos sonhos tem fina leitura.
Traduzindo pra todos seus bons conhecimentos,
Fala com os presos e não teme a censura.

Dos sonhos do copeiro fala: os três sarmentos
São presságios felizes, ele assegura,
Pois traduzem somente bons acontecimentos


IV

Tradução contrária ao padeiro infeliz:
À posição de honra seguir-se-ão tormentos;
sucederão para ti vergonha e sofrimentos;
por sanção do Faraó, tua morte se prediz.

Chamado para traduzir pesadelo medonho,
Encontra Faraó com semblante transtornado,
Pois há dias que um sonho o deixa cismado.
Não precisais ficar com o semblante tristonho!

Teus sonhos antitéticos, previsão consistente:
Vacas gordas é colheita farta em sete anos;
Feias e tinhosas, fome certa e eminente.

Vargedo bem semeado, e evita os danos.
Colhe, põe em celeiros nos sete anos à frente.
Constrói mais, pois a fome também matará humanos.

V

Declarada a visão das vacas gordas deixando o vau
E o jantar das magras comendo as gordas, audazes,
Banhadas por causa do sol e insetos vorazes,
Pela Bondade de Deus, do Rei amainou-se o mal.

Revelações de sonhos e conselhos admiráveis,
Dispuseram Faraó ao moço ministro fazer.
E produzindo mantimentos que dava para vender,
Revelou-se José com atitudes responsáveis.

Por prudência do jovem ministro, no Egito
A fome não pôde a casa de Israel vencer:
"Provisão pra todos", determinava o edito.

Ao regaço de Jacó, novos rebentos a pender.
Quebrantado por seu Deus, ele não estava mais aflito:
Tinha razão Jeová para desavenças acender.

VI

Esta história ensina que Deus tem compaixão.
Seus filhos? São meus companheiros nesta travessia.
Por isso com o meu próximo trabalho confraria,
E tudo o que passar disso só trará desilusão.

Em Deus, e no meu Cristo, tenho boa religião!
O ser criado por Deus fez-se pessoa bem ruim.
Paradigma falaz é, para ti e para mim;
Tão logo foi criado, promoveu rebelião.

Vê o bom José, Maria, a toda graciosa!
O homem evoluiu, argumentarás, por certo.
Sem entenderes a Palavra a tornas enganosa.

Por sacrifício de Jesus o céu foi aberto!
Maria ressurgirá, pela graça milagrosa.
Considera a Jesus enquanto ele está por perto!

Por: Carlos Mendes
(Escrito nalgum mês de 1998)

Canção em 6 sonetos sobre a história real narrada no Livro de Gênesis: caps.: 37 e 39 a 47

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