Doze anos dos
maiores embustes paralelos e progressivos em nossa republiqueta
O que produz uma ação de mau efeito é o caráter do agente
de índole maldosa. E quando o efeito tem por causa uma torrente impetuosa de
constância maligna, ele se espalha e se converte em má inspiração que tem como
conseqüência um efeito catastrófico. Usando a figura de linguagem de um Salmo,
seria a impetuosidade das catadupas chamando outras a congestão.
Este é o retrato atual do Brasil. Ele está doente pelo
afluxo anormal de sangue cancerígeno que corre pelas suas veias, degenerando
todo o organismo e levando à morte o princípio da honra, que é seu coração
pulsante. Se registrássemos as ocorrências paralelas da propositada desídia no
cumprimento do dever cívico de honrar o voto; se exigíssemos o mesmo dos
mandatários da política nacional, então teríamos condição de publicar um
“estudo descritivo de um conjunto de fenômenos, tal como eles se manifestam no tempo,
por oposição quer às leis abstratas e físicas destes fenômenos, quer à
realidade transcendente, quer a manifestação, quer à crítica normativa de sua
legitimidade”, o que na filosofia é conhecido como Fenomenologia. E isto nos
daria o ensejo de proclamar como verdadeiro o velho axioma: “Cada povo tem o
governo que merece”.
Chegamos ao estágio do envenenamento de todos os segmentos
da sociedade civil brasileira, que, como uma inundação maligna a impulsionar as catadupas da imoralidade,
inunda todos os quadrantes nacionais e atinge todas as categorias de indivíduos
da grande massa da sociedade civil, transformando-se em moda explicitada no
ditado: “quem pode mais chora menos”.
Subverte-se o direito ao se dar margem ao expediente do “dar
um jeitinho” para transformar a mentira em verdade, ou esta ao seu conceito
oposto. Aqui no Brasil está dando certo investir na impunidade, pois o direito
e o juízo esquivam-se da prática da justiça e, assim, dão ganho de causa aos
culpados, e isto em detrimento da sagrada proteção que se deve garantir aos
indivíduos dedicados ao cumprimento de seus deveres cívicos.
Dos escalões mais elevados nos vêm as inspirações malignas
que corrompem cidadãos mal comportados, que se juntam à súcia de legisladores
descumpridores das próprias regras sociais que criaram (Leis), assolando
injustamente os bem-comportados na outra ponta da escala social (Sorokin), com
o que alguns destes cidadãos bem comportados acabam considerando a vantagem
espúria dos catalogados bandidos, onde os mais poderosos, no conceito de um
Estado sob domínio ou influência dos poderes políticos, podem tudo sobre os que
deveriam ser por eles servidos, mas são humilhados por seus indignos
representantes que deveriam exercer poder obsequioso, mas acabam se transformando em agentes
opressores da sociedade que os elegeu
para servi-los, dando estes com a mais ampla obrigação exemplos de cumprimento
às regras sociais que todos, sem exceção, são obrigados a cumpri-las.
Este é o quadro mais expressivo de nossa maldita chaga sócio-política.
*O
autor é Escritor. Autor do romance “O Milênio e o Tempo”
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