terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Artigo


QUAL O NOSSO PALADINO
                           *Carlos Mendes

O tema circunstante deste artigo abrange toda a história política do Brasil, senão de todo o mundo, o que não posso positivar com segurança por faltar-me vivência tão ampla. Contudo, eu desejo circunstanciar o tempo do verbo “ser” do título deste artigo como pormenorização histórica que elucide as conjunturas políticas que existem ou ocorrem no presente.
Quero partir de uma afirmação pessoal ao título do artigo e, supra-excedendo os meus próprios cuidados em fazer-me compreendido, registrar que atribuo ao termo paladino a sinonímia “defensor ardoroso”. E, para construir o sujeito coletivo, que me interessa ao argumento, eu elegi a Sociedade Civil Brasileira. Então afirmo como ponto de partida uma resposta que imagino óbvia perante os juízos críticos e esclarecidos da nação: Esse homem ou instituição de homens defensores da sociedade civil não existem no contexto brasileiro, não se podendo argüir aqui conforme a questão: “Qual o nosso paladino?”.
Em um regime político corporativo como este que se nos apresenta na atualidade, só despontam paladinos em causa própria e não segundo a missão que os nossos políticos assumem quando juram fidelidade partidária sem crédito maior à sua antecedente mais importante, aquela que ficou só nos discursos das campanhas eleitorais. E esse vício além de antigo torna-se também sempre mais pernicioso e obliquo quando o espírito corporativo se expande enquanto o da defesa dos ideais da sociedade civil se encolhe.
O sentimento político corporativo é muito antigo no Brasil e de tanto progredir nas fileiras políticas que gravitam em torno dos poderes majoritários, ele transbordou para os outros dois poderes que, submissos ao que tem a chave do cofre, perdem gradualmente a identidade de poder autônomo e ocasionam prejuízos ainda maiores à sociedade civil, que é a razão de suas existências subjetivas ou criações históricas. Seria natural vê-los permanentemente no estado de suas constituições subjetivas, servindo o objeto em função do qual existem.
Desta incongruência resulta o odiento totalitarismo que transforma o exercício do poder em nome do povo num meio de opressão ao próprio povo (ou sociedade civil), coisa burra e incompreensível em um regime democrático capitalista, que falsamente desponta como sendo o nosso. Observar o atual perfil do estado brasileiro equivale um engano histórico tão patente quanto o é o da observação científica do fenômeno físico da refração dos corpos: Aparecem inclinados, mas não estão nessa posição.
Há, contudo, brasileiros que não vêm o Brasil nessa posição falsa, pois desejam-no na condição de democracia capitalista, donde os clamores: “Mais empregos!”. Os desengonçados, por não conseguirem aprumar os ideais, clamam: “república sindicalista”. E deste último clamor servem-se os inventores da atual e esdrúxula fórmula: “democracia socialista”, que dará ganho de causa à sanha corporativa que hoje se observa em países desenvolvidos a mercê da produção de quinquilharias de baixo custo, que não demandam alta tecnologia, quando não se lucra pelo aporte de humanware, mas sim pelas fórmulas antigas de comercialização dos primários, os quais, “plantando dá”.  Mas, mesmo nesta fase ruim da economia mundial, os maiores lucros continuam nas nãos das grandes potências, que também são os grandes distribuidores dessas quinquilharias às quais agregam suas formidáveis tecnologias. Tremo de medo só em pensar no retorno pleno da produção dos produtos com tecnologia de ponta, pois com os nossos 5 ou 6 por cento de população mal alfabetizada à nível de terceiro grau, o que esperar?
       Estamos reinventando conceitos psicanalíticos e comunistas. O primeiro diz respeito ao sentimento da onipotência e o segundo configuram estratégias totalitárias com apelos folclóricos ao messianismo cismático, que traz consigo líderes apreciados por um  falso carisma. Não passam de demônios com deslavadas faces angelicais.


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