sábado, 20 de abril de 2013

Artigo


Comando e hierarquia

*Carlos Mendes


Diz um antigo adágio popular: “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”.
O tal dito coloca o conhecimento humano na ordem do que se consegue apreender pelo juízo crítico independente dos fenômenos que marcam os estados de transformações dos fatos sociais. As transições entre o mal e o bem quase sempre acontecem diante de um agravamento ou amenização das situações vivenciais, pois o que é bom sempre pode melhorar antes de um declínio ao estado oposto.
Nós, brasileiros, passamos pela dolorosa fase de piora de um estado que já era ruim na nossa vida social, seja quanto aos aspectos materiais, psíquicos ou morais originados pelas larguras de poucos, causando as aperturas na esmagadora maioria, agora com uma exceção vergonhosa que coloca artificialmente a numerosa classe dos desvalidos, estes secularmente carentes dos benefícios cidadãos pela incúria deste nosso Estado brasiliro perverso, que sempre se prouve na rapinagem favorável aos seus apanigüados.
Continuando na argumentação da tese dos reversos, colocamos um ensinamento de um tio, empresário muito competente: “Para melhorar, a coisa tende naturalmente a uma piora”. Nenhum outro ensinamento que aprendi nas escolas de economia me impressionou tão fortemente quanto o antigo clichê do velho e já falecido tio, paradigma do empreendedor que conseguiu consolidar-se financeira e economicamente, e de tal modo, que promoveu o bem estar de suas próximas gerações. E tudo realizou sem nenhum arranhão à sua notoriedade de homem de bem. E eu não saberia afirmar se foi o axioma que forjou a vida desse tio, ou se foram as suas virtudes que fortaleceram o axioma.
Infere-se da autoridade, que nasce na esfera pública por meio dos votos livres dos cidadãos, que ela produza regras sociais que promovam o máximo de segurança e satisfação para todos os cidadãos. Mas o bom efeito dessas regras (leis) está fundamentalmente ligado aos caracteres justos de legisladores honrados e fiéis ao mandato recebido de seus eleitores, pois deste senso real nascem das eleições duas categorias que estão estreitamente vinculados: Eleitores, que formam a hierarquia superior de um mandato político, isto é, que se tornam mandantes[1] do cargo político que elegeu o escolhido; e,  depois, num segundo escalão, os políticos, pois exercem o seu mandato como mandatários[2], pois receberam pelos votos uma representação popular para executarem os seus mandatos
Em suma, o político ao ser eleito, assume perante os seus eleitores, e também perante o país, a responsabilidade pública de cumprir bem e confiavelmente o seu mandato cumprindo bem o programa político com que ele, eleito, conquistou pelos votos, sendo lídimo e transparente o direito dos eleitores (mandantes) da sua gestão política cassar o mandato político daquele a quem elegeu.
Estas questões, todos os brasileiros razoavelmente instruídos sabem que são obviamente legítimas. Mas também conhecem a impossibilidade desse esclarecimento avultar ao ponto de correção desta chaga mentirosa conhecida no mundo como: “governo do povo para o povo”, pelo que deveríamos tratar de corrigir com urgência esse modelo atual, que calculo altamente fraudulento.


[1] adj.2g. e s.2g. 1. (Pessoa) que manda. / adj.2g. e s.2g. 1. (Pessoa) que manda.
[2]. s.m. 1. Indivíduo que recebe ou executa mandato. 2. Representante; procurador; legado.
Antôn.: mandante.
Nota: (Antônimo= adj. e s.m. (Gram.) (Vocábulo) que tem significação oposta à de outro.

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