terça-feira, 18 de junho de 2013

O menino e o Urso
                  Carlos Mendes
  
   Para ilustrar a embaraçosa situação de uma pessoa tentando se livrar de algo que insistiu em conseguir, um dos mais notáveis estadistas que a raça humana produziu - mestre na arte de referir episódios da vida através de alegorias -, contou certa vez esta história:
   “Um menino desejoso de possuir um urso verdadeiro, insistentemente aborrecia diariamente o seu pai pedindo que lhe comprasse um urso de verdade.
   “Cansado com a obstinação do filho, o pai trouxe-lhe finalmente um ursinho recém nascido, que por muito tempo constituiu-se a alegria do menino.
   “Crescendo o ursinho, atormentava o menino com brincadeiras nada delicadas, arranhando-o e destruindo os seus brinquedos.
   “A situação tornava-se insuportável e o menino maquinava agora como livrar-se do incômodo animal sem expor-se à reprovação do pai, que lho dera.
   “Acostumara-se a passear com o ursinho amarando-lhe uma corda ao redor do pescoço, o que repetiu num certo dia com um intento diferente, sendo o animal já bem crescido. Cansado e desanimado ele sentou-se à calçada de uma rua.
   “Passando por ali um homem, viu aquela cena insólita e deteve-se junto ao menino, perguntando-lhe: -  “Menino, o que você faz ai com esse animal horrível? Por que não o solta?
   “O menino encostou o dedo indicador no nariz e sussurrou: - “O senhor não vê que ele está justamente roendo a corda?”

   Nós temos atitudes muito parecidas com o menino da história. Quando possuímos entendimento, descobrimos que lutamos por muitas coisas que só nos causam males, ou que nenhum bem produzem. Então, como fez o menino, ansiamos delas nos livrar, mas como ele sentimo-nos embaraçados por serem justamente as coisas que escolhemos.
   A Bíblia chama essa contradição de “sabedoria deste mundo” (I Coríntios 3:19), classificando como “loucura da pregação” a exortação do evangelho  para abandonarmos tais coisas e aceitarmos aquelas que Deus sabe serem as que promovem a verdadeira felicidade (I Coríntios 1:21). A Palavra de Deus também diz: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para os que são salvos, é o poder de Deus” (I Coríntios 1:18).
   Têm inventado muitos termos para referir a desventura do homem. Na Bíblia só encontramos um: pecado, que significa tudo quanto o homem deseja fora da vontade de Deus. O pecado é como o urso da história, pois é nosso por nossa própria escolha. E assim como o urso é o pecado. Se, ou quando, ele começa a incomodar-nos temos nisto o sinal que tornamo-nos pessoas conscientes, que sabem discernir bem os bons valores da vida. Mas o incômodo urso não faria tanto dano ao menino quanto o pecado faz ao ser humano, que por este permanece destituído do poder do Espírito de Deus.
   Diante do dilema: Cauterizar a consciência ou livrar-se do pecado, o ser humano não pára de sofrer.
   Como o urso, o pecado começa a roer a corda quando nos inclinamos a ouvir “a loucura da pregação” do evangelho de Jesus. Vai embora quando pela fé em Cristo a entendemos e a aceitamos (1Coríntio 1:21).
   Sem o pecado as dores perdem a dimensão do infortúnio e passam a ser perfeitamente suportáveis. Esse livramento é obra do amor de Deus, tão infinitamente grande e inexplicável como o próprio Deus. A Bíblia até declara que Amor é o próprio Deus e ainda fala assim desse amor: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).
   Para o livramento da opressão do pecado é preciso confessar Jesus como único Senhor (Romanos 10:8 e 9). E a verdadeira fé na sua ressurreição leva-nos a crer que, assim como ele ressuscitou dentre os mortos, ressuscitaremos também pelo Seu poder (I Coríntios 6:14).
   Que o leitor viva em Cristo para Deus é o que lhe desejam todos os que para Ele já vivem.


NOTA:  Esse Conto Ligeiro data de l981, quando circulou numa edição com dez mil folhetos. O autor era, então, evangelista pela PIB em Suzano.

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