Lendo A Felicidade Obrigatória, do
escritor e jornalista Walcyr Carrasco, publicada em revista nacional, rumei a
tempos passados e recentes. "... a felicidade ficou tão efêmera quanto os
últimos lançamentos da moda. É traduzida por símbolos: a roupa de grife, o
carro novo, o vinho caro, o restaurante elegante. Quanto mais sucesso, mais
difícil tal felicidade". No quase final, de sua lúcida crônica, lê-se:
"... alegrias momentâneas, que se esvaíram como fumaça". Realidades
incontestes, porém invisíveis na visão supérflua daqueles de menor formação
humanística. Ouvi de empresário, incluído entre os mais afortunados dos anos
oitenta, a frase seguinte: "Dinheiro não dá felicidade para aqueles que
não sabem comprar". Acreditava que adquirindo bens materiais os mais
luxuosos. Recebendo pedidos de banqueiro para aplicação no Overnight de seu
banco, com o objetivo de totalizar a cota exigível pelo sistema financeiro.
Ver-se bajulado na classe empresarial. Ser notícia no mundanismo social.
Mostrar-se o suprassumo do êxito. Era tudo. Não foi. Enquanto isso, em mesma
época, lá em Aquidabã, pequeno município sergipano, sobrevivia um órfão de
pais, da Terra e do Poder. Sem ninguém e sem vintém, comeu da caridade pública,
relegado ao deus-dará. No rabo da enxada, lavrou. Desafiou o Sol por anos.
Enfrentou secas. Pescou, vendeu pelos arruados, fez-se trocador de ônibus,
funcionário municipal, vereador e, por final, sebista. Hoje, João Evangelista
dos Santos é milionário. De felicidade. Não a comprou. Soube buscá-la. No Sebão,
Mercado de Aracaju, entre os livros, perguntem ao João Fumaça seu segredo.
Geraldo Duarteadvogado administrador e dicionarista
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