terça-feira, 16 de julho de 2013

Roubaram o futuro

Geraldo Duarte*

Quão bom era ouvir, em épocas infantis e juvenis, aquele afirmado convicto. Dos meus pais e mestres. Dos cônscios idosos e confiantes no destino da Nação. “O Brasil é o País do futuro”.

Diuturna e orgulhosamente nos replicavam, com indubitável certeza, tal grandiosa premissa.

Jamais esquecerei dois cívicos aprendizados dos tempos estudantis. De meu pai, um que defendia a felicidade pessoal. Asseverava que se alguém desejava sucesso, antes do seu, trabalhasse pelos do País, do Estado, do Município, do bairro, da rua, da família e, por final, do próprio. E completava: nunca inverta a ordem, pois o fazendo, todos se revoltarão contra você. E sobrar-lhe-á – cedo ou tarde, porém certo – fracasso e repulsa pública.

Do mestre Antônio Filgueiras Lima, numa de suas preleções em sala de aula, gravou-se um lembrar deveras exigente. Sem aspas, objetivando não incorrer na possibilidade de macular as sempre sábias palavras do educador-filólogo-poeta. Todos os possuídos nossos e os de nossos ancestrais são dádivas divinas e pátrias. Do ar que respiramos, da água que bebemos, do alimento que ingerimos, da terra que pisamos e de tudo o mais que utilizamos.

Concluía cobrando-nos cuidado e preservação porque delas dependeria a vida dos que nos sucederiam e a primazia mundial almejada.

Um vate amazonense, presenteador a Filgueiras Lima com um tucano – belo pássaro morador da serigueleira existente no pátio do Colégio Lourenço Filho – disse-nos: “Plantem carvalhos para os viventes daqui a 400 anos. Entre eles, bananeiras, para sustento de vocês hoje.”.

Vieram os maus políticos e roubaram o futuro.

                                                                          *Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.

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