Conheces a vida dos
habitantes em bairros novos? Os casais têm filhos pequenos, alguns ainda bebês,
outros até um a dez anos de idade, ou um pouquinho mais, já notaste?...
Espera, espera um pouco
aí!... Eu sei: Em bairros novos também habitam casais com filhos maiores. Mas
geralmente são os que se mudam depois, quando o bairro já está um pouco mais
desenvolvido, concordas?...
Tem um em especial
que foi palco de uma história emocionante!
Um casal ainda bem jovem mandou construir nele
uma casa pequena. Chegaram para habitá-la depois que a pequena mas bonitinha
casa já estava acabada. Bem acabada e mobiliada. Os móveis não eram de
primeira, mas também não eram muito simples, sabes? O casal parecia gente de
classe média!
Mas o que mais despertou a minha atenção, foi o
gurizinho, filho único do casal. Peralta, como é próprio na idade dele. Devia
contar com cinco anos, no máximo.
Mas
não foi pela peraltice que ele chamou-me a atenção. Tinha uma habilidade
assombrosa!... Já vou te dar um exemplo, espera só eu continuar: Quando
brincava com espada de pau, depois que os outros meninos maiores viram sua
destreza, o garotinho passou a ser escolhido logo para ser o Zorro... Como assim!?...
Meu amigo, não havia quem conseguisse acertar uma estocada nele!... É, podes
crer. Nem o Zorro verdadeiro dos filmes eu vi rebater os golpes dos inimigos e
estocá-los com tanta competência...
Parece até que
conto invenção, meu amigo. Mas isto que te conto é só o início. Sabes, faço
suspense para preparar-te para o relato da maior façanha desse molequinho...
Qual é?...
Empinar pipa... Hã?... Também
empinavas? Bom, nunca te vi empinando pipas, mas vou te contar
o que acabou acontecendo lá no bairro desse garotinho... Foi coisa que eu vi
pessoalmente, meu amigo!... Quando?... Puxa, eu morei lá... E vi pessoalmente o
campeão nacional de empinar pipas chegar lá, convidado por uma comissão dos
empinadores de pipas do bairro do garoto, para disputar com ele as proezas com
as pipas no ar... Espera, espera... Contra o garotinho valia até goma com
vidro no barbante do adversário!
Marcaram o torneio
para o primeiro dia de ventania, o que amiúde ocorria no bairro onde o menino
morava, um descampado no alto de um outeiro!
O guri deu um show com a sua pipa voando ao
redor da pipa do adversário, girando o fio de sua pipa ao redor do fio da pipa
adversária, totalmente untada com goma e caquinhos de vidros cortantes... Como
o garotinho venceu?...Puxa! és mesmo inquieto, hem! Depois de quatro
horas brincando com o campeão ele enfiou a ponta superior de sua pipa na
armação da pipa do campeão enfiando-a rápido como um raio no estirante superior.
Em seguida, usando os cotovelos e as mãos como uma roldana se
movendo em alta velocidade ele puxou a pipa do adversário com uma rapidez tal
que logo ela chegou ao chão, sem poder mais alçar-se, pois inutilizara-lhe o
cabresto.
Contar outra façanha do guri?... Posso fazê-lo,
se a tua curiosidade for real!... Então está bem, creio que estás mesmo
interessado! Eu ia continuar contando mesmo, pois a derradeira é... Como?...
Sim, infelizmente!...
O
campeão mundial de empinar pipas fez amizade sólida com o menino, que até
ganhou dele a maior pipa já construída no mundo. Era uma pipa formidável,
revestida com delgado tecido de seda de grande resistência. Ao receber o
presente o menino até brincou, dizendo que com aquela pipa ele podia viajar
para a lua... Sim, sim, sim... O garotinho ainda não sabia que não existe
atmosfera para essa façanha. Mas me deixa continuar... A história é grandiosa
demais para ser interrompida. Deixa-me acabar de contá-la, está bem?
Foi quando os pais viajaram para o exterior,
deixando o garotinho com o irmão mais velho da mãe dele.
No retorno ele recebeu um chamado telefônico do
pai. Estavam a bordo do avião, que em breve pousaria no aeroporto da cidade, se
não caísse antes de chegar!... Calma!... Agora não adianta apressar
a coisa que o garotinho conseguiu, na ocasião. O que?... Puxa, espera, meu
amigo!...
O menino pegou a
pipa que o campeão por ele derrotado lhe deu. Era um dia de vento forte e o
menino subiu rápido como um corisco o morro descampado. Mesmo custando-lhe
ingente esforço, ele levava consigo um pedaço de toco de madeira pontiagudo e
uma marreta bem pesada.
No topo do outeiro ele fincou bem o toco no chão
duro, fez na ponta uma alça com muitas voltas de um fio grosso de nylon, passou
por ele a fina, porém resistente corda, também de nylon, que segurava a enorme
pipa largando-a solta ao vento. A pipa subiu e o menino também, seguro ao
cabresto da pipa, juntamente com outro fio bem fino de nylon. Lá junto ao
cabestro, o menino moveu-o e a pipa ganhou rapidamente grande altitude.
A pipa foi abraçada
pelo avião-a-jato enroscado no fio de nylon mais resistente, e com ele desabou
no solo puxado pelo avião, onde estavam os seus pais.
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