domingo, 14 de julho de 2013

Conto Ligeiro

      Conheces a vida dos habitantes em bairros novos? Os casais têm filhos pequenos, alguns ainda bebês, outros até um a dez anos de idade, ou um pouquinho mais, já notaste?...
    Espera, espera um pouco aí!... Eu sei: Em bairros novos também habitam casais com filhos maiores. Mas geralmente são os que se mudam depois, quando o bairro já está um pouco mais desenvolvido, concordas?...
Tem um em especial que foi palco de uma história emocionante!
    Um casal ainda bem jovem mandou construir nele uma casa pequena. Chegaram para habitá-la depois que a pequena mas bonitinha casa já estava acabada. Bem acabada e mobiliada. Os móveis não eram de primeira, mas também não eram muito simples, sabes? O casal parecia gente de classe média!
Mas o que mais despertou a minha atenção, foi o gurizinho, filho único do casal. Peralta, como é próprio na idade dele. Devia contar com cinco anos, no máximo.
      Mas não foi pela peraltice que ele chamou-me a atenção. Tinha uma habilidade assombrosa!... Já vou te dar um exemplo, espera só eu continuar: Quando brincava com espada de pau, depois que os outros meninos maiores viram sua destreza, o garotinho passou a ser escolhido logo para ser o Zorro... Como assim!?... Meu amigo, não havia quem conseguisse acertar uma estocada nele!... É, podes crer. Nem o Zorro verdadeiro dos filmes eu vi rebater os golpes dos inimigos e estocá-los com tanta competência...
Parece até que conto invenção, meu amigo. Mas isto que te conto é só o início. Sabes, faço suspense para preparar-te para o relato da maior façanha desse molequinho... Qual é?...
Empinar pipa...  Hã?... Também empinavas?   Bom, nunca te vi empinando pipas, mas vou te contar o que acabou acontecendo lá no bairro desse garotinho... Foi coisa que eu vi pessoalmente, meu amigo!... Quando?... Puxa, eu morei lá... E vi pessoalmente o campeão nacional de empinar pipas chegar lá, convidado por uma comissão dos empinadores de pipas do bairro do garoto, para disputar com ele as proezas com as pipas no ar... Espera, espera... Contra o garotinho valia até goma com vidro no barbante do adversário!
Marcaram o torneio para o primeiro dia de ventania, o que amiúde ocorria no bairro onde o menino morava, um descampado no alto de um outeiro!
     O guri deu um show com a sua pipa voando ao redor da pipa do adversário, girando o fio de sua pipa ao redor do fio da pipa adversária, totalmente untada com goma e caquinhos de vidros cortantes... Como o garotinho venceu?...Puxa!  és mesmo inquieto, hem! Depois de quatro horas brincando com o campeão ele enfiou a ponta superior de sua pipa na armação da pipa do campeão enfiando-a rápido como um raio no estirante superior. Em seguida, usando os cotovelos  e as mãos como uma roldana se movendo em alta velocidade ele puxou a pipa do adversário com uma rapidez tal que logo ela chegou ao chão, sem poder mais alçar-se, pois inutilizara-lhe o cabresto.
    Contar outra façanha do guri?... Posso fazê-lo, se a tua curiosidade for real!... Então está bem, creio que estás mesmo interessado! Eu ia continuar contando mesmo, pois a derradeira é... Como?... Sim, infelizmente!...
        O campeão mundial de empinar pipas fez amizade sólida com o menino, que até ganhou dele a maior pipa já construída no mundo. Era uma pipa formidável, revestida com delgado tecido de seda de grande resistência. Ao receber o presente o menino até brincou, dizendo que com aquela pipa ele podia viajar para a lua... Sim, sim, sim... O garotinho ainda não sabia que não existe atmosfera para essa façanha. Mas me deixa continuar... A história é grandiosa demais para ser interrompida. Deixa-me acabar de contá-la, está bem?
   Foi quando os pais viajaram para o exterior, deixando o garotinho com o irmão mais velho da mãe dele.
No retorno ele recebeu um chamado telefônico do pai. Estavam a bordo do avião, que em breve pousaria no aeroporto da cidade, se não caísse  antes de chegar!... Calma!... Agora não adianta apressar a coisa que o garotinho conseguiu, na ocasião. O que?... Puxa, espera, meu amigo!...
O menino pegou a pipa que o campeão por ele derrotado lhe deu. Era um dia de vento forte e o menino subiu rápido como um corisco o morro descampado. Mesmo custando-lhe ingente esforço, ele levava consigo um pedaço de toco de madeira pontiagudo e uma marreta bem pesada.
No topo do outeiro ele fincou bem o toco no chão duro, fez na ponta uma alça com muitas voltas de um fio grosso de nylon, passou por ele a fina, porém resistente corda, também de nylon, que segurava a enorme pipa largando-a solta ao vento. A pipa subiu e o menino também, seguro ao cabresto da pipa, juntamente com outro fio bem fino de nylon. Lá junto ao cabestro, o menino moveu-o e a pipa ganhou rapidamente grande altitude.
A pipa foi abraçada pelo avião-a-jato enroscado no fio de nylon mais resistente, e com ele desabou no solo puxado pelo avião, onde estavam os seus pais.  

   

 


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