segunda-feira, 15 de julho de 2013

Artigo

Brasil, mais um nos desconcertos das nações

Que bom se pudermos contar com palavras de sincera preocupação sobre a propalada grandeza de nossa pátria! 
A maioria, senão a totalidade dos nossos governantes, com raras exceções, não são corretos, e não tão sinceros quanto gostaríamos que fossem.
É muito provável que esta negligência esteja arraigando-se ao perfil psicológico e moral de todo povo brasileiro. O triunfo da nulidade está fazendo de nós um povo palrador, que mais se ocupa de mexericos ao nível de pessoas de língua solta, que mais se prazem nas vulgaridades do que nas coisas sérias, necessárias ao acrisolamento de alto nível, e isto na visão de um povo preocupado com a nação dos sonhos dos verdadeiros estadistas.
Hoje em dia, o que significará entre nós a verdade e a justiça? E o seu contra-ponto, a injustiça a dar guarida ao direito irrestrito ao produto do “avultar da pobreza nacional” aos arranchados à mesa dos blocos políticos e/ou particulares, dentro deles?
O que  esperarmos como meios políticos justos para a promoção social de toda a coletividade, perdoem-me a quase redundância, de todo o povo brasileiro?
Haverá atualmente um único rincão de patriotas zelosos por uma democracia federalista de fato, que assegure a perfeita distribuição do direito, da justiça e do dever para todos os brasileiros? Direito de sair da miséria pelo capacitação do trabalho produtivo, mas também direito de continuar progredindo pelo enriquecimento intelectual, espiritual e material, amealhados por meios honestos, entre eles o saliente esforço de tornar-se apto pelo estudo e domínio das técnicas profissionais. Quando penso numa continuidade do espírito prevalecente em todos os meios políticos; na insensatez das divisões entre as classes, mas também no promíscuo projeto de nivelá-las à força de "penadas" legais.
Quando penso no ente político acostumado a nivelar por baixo a sociedade civil, de onde ele próprio vem, entendo a desastrosa inclinação do cidadão brasileiro, que troca a noção do votar pelo bem à sua pátria por quaisquer barganhas que lhe renda favores pessoais.
E o que acontece lá no planalto? É o que assistimos diuturnamente através de uma vil concórdia desenhada pelos traços disformes da corrupção, com eructações nojentas de “Poder Político”, que somente à Sociedade Civil, como um todo, pertence.
Se num lado nós vemos eleitores viciados em favores públicos, no outro se escancara a face nojenta da usurpação dos direitos privados.
Até quando, Brasil de face malandra e asquerosa. Até quando te suportaremos?
Até quando esta crassa ignorância que alimenta a secular e odiosa oligarquia, chaga moral de um governo que nunca foi “do povo e para o povo”? 
Se estivéssemos na França de Rosseaux, diria que a pena já me pesa. Mas como estamos no século da molecada craque no manejo desta ferramenta, que exige dos meus dedos mais do que lhe podem oferecer, digo que o teclado já me cansa!

Carlos Mendes.
Escritor, poeta e ex-colunista do jornal “Correio do ABC”


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