*Carlos Mendes
O tema circunstante deste artigo
abrange toda a história política do Brasil, senão de todo o mundo, o que não
posso positivar com segurança por faltar-me vivência tão ampla. Contudo, eu
desejo circunstanciar o tempo do verbo “ser” do título deste artigo como pormenorização
histórica que elucide as conjunturas políticas que existem ou ocorrem no
presente.
Quero partir de uma afirmação pessoal
ao título do artigo e, supra-excedendo os meus próprios cuidados em fazer-me
compreendido, registrar que atribuo ao termo paladino a sinonímia “defensor
ardoroso”. E, para construir o sujeito coletivo, que me interessa ao argumento,
eu elegi a Sociedade Civil Brasileira. Então afirmo como ponto de partida uma
resposta que imagino óbvia perante os juízos críticos e esclarecidos da nação:
Esse homem ou instituição de homens defensores da sociedade civil não existem
no contexto brasileiro, não se podendo argüir aqui conforme a questão: “Qual o
nosso paladino?”.
Em um regime político corporativo como este
que se nos apresenta na atualidade, só despontam paladinos em causa própria e
não segundo a missão que os nossos políticos assumem quando juram fidelidade
partidária sem crédito maior à sua antecedente mais importante, aquela que
ficou só nos discursos das campanhas eleitorais. E esse vício além de antigo
torna-se também sempre mais pernicioso e obliquo quando o espírito corporativo
se expande enquanto o da defesa dos ideais da sociedade civil se encolhe.
O sentimento político corporativo é
muito antigo no Brasil e de tanto progredir nas fileiras políticas que gravitam
em torno dos poderes majoritários, ele transbordou para os outros dois poderes
que, submissos ao que tem a chave do cofre, perdem gradualmente a identidade de
poder autônomo e ocasionam prejuízos ainda maiores à sociedade civil, que é a
razão de suas existências subjetivas ou criações históricas. Seria natural
vê-los permanentemente no estado de suas constituições subjetivas, servindo o
objeto em função do qual existem.
Desta incongruência resulta o odiento
totalitarismo, que transforma o exercício do poder em nome do povo num meio de
opressão ao próprio povo (ou sociedade civil), coisa burra e incompreensível em
um regime democrático capitalista, que falsamente desponta como sendo o nosso.
Observar o atual perfil do estado brasileiro equivale um engano histórico tão
patente quanto o é o da observação científica do fenômeno físico da refração
dos corpos: Aparecem inclinados, mas não estão nessa posição.
Há, contudo,
brasileiros que não vêm o Brasil nessa posição falsa, pois desejam-no na
condição de democracia capitalista, donde os clamores: “Mais empregos!”. Os
desengonçados, por não conseguirem aprumar os ideais, clamam: “república
sindicalista”. E deste último clamor servem-se os inventores da atual e
esdrúxula fórmula: “democracia socialista”, que dará ganho de causa à sanha
corporativa que hoje se observa em países desenvolvidos a mercê da produção de
quinquilharias de baixo custo, que não demandam alta tecnologia, nem aporte de humanware, mas sim as fórmulas antigas de comercialização dos primários, os quais, “plantando
dá”. Mas, mesmo nesta fase ruim da
economia mundial, os maiores lucros continuam nas nãos das grandes potências,
que também são os grandes distribuidores dessas quinquilharias, às quais agregam
suas formidáveis tecnologias. Tremo de medo só em pensar no retorno pleno da
produção dos produtos com tecnologia de ponta, pois com os nossos 5 ou 6 por
cento de população mal alfabetizada à nível de terceiro grau, o que esperar?
Estamos reinventando conceitos psicanalíticos e comunistas. O primeiro
diz respeito ao sentimento da onipotência e o segundo configuram estratégias totalitárias
com apelos folclóricos ao messianismo cismático, que traz consigo líderes
apreciados por um falso carisma. Não
passam de demônios com deslavadas faces angelicais.
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