quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Artigo

Alienação ou angústia - II
                                                    Carlos Mendes

Conheci de perto, diria que cara a cara e ao vivo, o metalúrgico Lula. Eu não o vi bradar somente palavras desafiadoras aos “inocentes sofredores passivos” na conjunção do que em Marx se tornara axioma da “mais valia” como meio de exploração da mão-de-obra pelo capital, que a remunerava com apenas uma pequena parte das dez que agregava, fossem maiores ou menores as sofisticações tecnológicas envolvidas nos processos produtivos ao tempo do filósofo.
Depois de alguns anos analisando e estudando o fenômeno Lula, que se confunde com aquilo que é próprio do sindicalismo brasileiro, passei a considerá-lo um oportunista angustiado1 entre a perspectiva da miserável situação dos nordestinos, pobres e absolutamente desvalidos, ante a vil ambição dos coronéis nordestinos e a desventura de, como igual nessa tragédia, não poder compartir com a medrança dos ricos capitães de empresas paulistas, que souberam dar oportunidade a outros homens capacitados pelos mais variados saberes necessários ao controle e direção dos grandes conglomerados empresariais e, também, a nova classe de operários especializados saídos das escolas SESI e SENAI paulistas, onde na primeira o metalúrgico Lula aproveitou uma única oportunidade de ensino e aprendizado.
Não falarei da falta de continuidade em busca de outras formações até chegar a de nível superior, desperdiçadas pelo metalúrgico em questão. O argumento sobre essa desídia é bem conhecido pelos brasileiros que habitam os Estados sulinos, os quais, em grande maneira, jamais desperdiçaram tais oportunidades, pelo que progrediram e, por isso, tornaram-se defensores intransigentes dos regimes políticos que respeitam as liberdades individuais; a capacidade do homem que sabe agregar capital quando há liberdade de iniciativa; o direito de enriquecer pessoalmente e com legitimidade; a liberdade e o lícito incentivo para criar com a fortuna amealhada novas oportunidades para si e para outros tantos profissionais da indústria, comércio ou lavoura, oportunidades que, se não as encontram, continuam consumindo pelo trabalho escravo a mísera retribuição do que lhes baste à subsistência “da mão a boca”2.
Tem razão Mészáros, discípulo de Lukcás, que combateu as idéias de Lênin. Mas Lukcás foi obrigado a pagar contributo de subserviência a Stalim, quando da divisão européia entre o Nazi-Fascismo na Europa Central e o comunismo no leste da Europa e norte da Ásia.
Marx, cuja filosofia moldou o pensamento de bem intencionados, excluído Lênin, raposa raivosa que tão somente serviu-se do legado do grande mestre para criar a excrescência, que assumida sob o gládio infame de Stalim, subjugou o espírito do formidável povo russo durante tantas décadas ao explorar o sonho dourado, mas intangível num regime totalitário, da “consciência de classe”.
Mas o inquieto Lukács, conforme suas próprias palavras, “estava ébrio de entusiasmo por um novo começo” quando se propôs a repensar as relações entre Hegel e Marx. Mas, como expor suas novas convicções sob o abrigo dos domínios stalinistas? Todo estudioso desta nova fase na obra de Lukács, precisará considerar as evasivas por ele utilizadas ao expressar o seu novo pensar sobre “consciência de classe”. 
O projeto comunista arquitetado por Lênin e executado por Stalim está tão longe do pensar de Marx quanto de Lukács e Mészáros, pois com suas teorias da plenitude de poder totalitário, desvirtuaram-no, dando ganho de causa a Stalim, Hitler, Mussolini, Fildel e, agora, aos novos e minúsculos postulantes ao totalitarismo: Chávez e Lula.

[1] AN-GÚS-TI-A Propriamente, conjunto de fenômenos afetivos dominados por uma sensação interna de opressão e de estreitamento (angústia) que acompanha de ordinário o receio de um sofrimento ou de um infortúnio grave e iminentes, contra os quais nos sentimos impotentes para nos defendermos. (Voc. Téc. e Crítico da Filosofia, André Lalande)
[1] Mészaros

Reeditado a pedidos.

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