segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

PARÉNESE


A necessidade de Vigiar - I
                                     Carlos Mendes
            
31
/12/2012

     
Quando nos ocorre mais o lamentar do que o alegrar, algo anda mal com os nossos conceitos de felicidade.
       Festas, festins são solenidades comemorativas e nós as celebramos com alegria que pode brotar de “boa” ou de “má” motivação[1]. E não me delongarei em apreciações técnicas, pois é um artigo e não um compêndio que escrevo, até porque para esta missão faltar-me-ia objetividade científica.
Aqui, pretende-se induzir a vigilância que dá temperança nas escolhas dos “bons” objetos correlativos das pulsões que movimentam a vontade, e esta o ser, enquanto comportamento, ou fazer, enquanto realização.
É dureza pretender expor através da embaçada luz científica o que só é possível entender pela imanência da Sabedoria, seja, explicar pela psicologia o que nos afeta o sermão do Divino Mestre, que lemos no Evangelho de Lucas: 21:34 a 36.
Há tendências virtuosas e maldosas no ser humano, espécie descaída da graça do Criador, havendo mais semelhanças do que diferenças entre os significativos do gênero humano. E a tendência para a semelhança é a maldade, pois o humano, na carne se inclina com mais facilidade para o que é nocivo; para o que o degrada; para o que o rebaixa à condição sub-humana, tendências estas que o mais das vezes fica camuflada por comportamentos insinceros, como bem aplicou um antigo amigo que entrevistei em pesquisas realizadas para escrever a autobiografia romanesca e memórias “Bacia do Macuco”, ao responder pateticamente uma questão que lhe propus: “Quer conhecer um homem, dá-lhe poder”.
E o que vemos abundar na sociedade humana é uma permanente ocupação do domínio do mal que impede a transição e mantém o continuado regresso a estado sempre piorado enquanto esse ser humano se mantém na condição do que o apóstolo Paulo chama “carne do pecado”. Essa situação preferencial entre a maioria dos indivíduos, se os torna societariamente estáveis, também pode levá-los aos divãs dos psicanalistas, ou à total inércia de foro íntimo, onde são processados os julgamentos à multiplicidade. E quando esse meio carece do “temor a Deus”, tantas vezes substituído pelo “cientificismo religioso”, a negação à revelação que Deus de si mesmo fez por intermédio de Jesus recrudesce o sentimento ateísta, e a religiosidade toma-se então, e apenas, um referendum religioso de pompa e situação nesta vida.
E eu replico: “Então não se morre?”
E o jocoso cientificismo responderá: 
“Sim, mas aqui se retorna!”
O que me leva a crer que o ser religioso pode tornar-se indolente e leviano até perante a morte, que na preferência de alguns é: “O esquecimento de si mesmo”, ou a “paralisação para sempre das funções vitais, sejam do corpo, do espírito ou da alma”. Conforme um tio do autor deste artigo parenético: “Morreu, fedeu”.
Essa indolência, e leviandade, leva o homem ao culto das coisas falsas, que são as propostas preguiçosas de apoiar a vida para sempre como conseqüência de repetidas encarnações, ou por se julgar incongruente a atitude de um “Deus bom e santo” destinar ao inferno esse homem criado por Ele à sua imagem. 
E entre estes há os que continuarão indolentes e levianos, até que a morte, esse fim que é único e definitivo afirmado pela Palavra de Deus, os pegue como o ópio dos espiritualistas distraídos com as mefistofélicas aparições de entes mortos[2]  quimérico e afrontoso repetir do mentiroso arpagão: à verdade, que em Cristo, Deus anunciou  distraindo-se  nas distrações que desejam voltar a repeti-las.
Então não há um Deus que é eterno Bem? Propugnarão outros, assustados, talvez, pela proposta da inevitável morte. Agostinho tem resposta para estes: “Deus é bom. Deus é justo. Pode Deus salvar o homem sem mérito dele, porque é bom. Não pode Deus condenar o homem sem demérito dele, porque é Justo.”
Tem por aí gente mais sábia do que Agostinho foi? Nos Céus eu sei que tem, porque lá habita a Trindade Santa. E Ela aguarda a todos que lá chegarem levados, no “aqui e agora”, pelo Filho Unigênito, amado e bendito Salvador, “Ponte em Cruz”, como é o título do pequeno poema de minha autoria que segue abaixo.
Graves meditações e alegres revelações, eis o que desejo para todos os meus amigos.



Torvo monte,
Ponte em cruz,
Luz esplendente,
Plenamente,
É a vida
Oferecida.



[1] Da linguagem psicanalítica (Ver: “Bom” afeto e “Mau” afeto, Laplanche e Pontalis, Martins fontes, 4ª ed., 2001)
[2] O autor concita seus leitores a confrontarem a veracidade deste fato à luz da Palavra de Deus no próximo artigo que escreverá sob este tema: “A necessidade de vigiar”.

Sem comentários:

Enviar um comentário