quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Um assunto, que não pode calar, tratado em termos comparativos


(REPRISE)
Crime, depravação e direitos humanos                                   Carlos Mendes
   A propósito do artigo: “Aborto.homossexuais e catolicismo”.  de Nelson Ascher, publicado no caderno “Mais” do jornal Folha de São Paulo (21-7-96), no qual o articulista apresenta suas objeções e desaprovações ao texto “Esterilização, aborto e homossexualismo” de autoria do deputado Hélio Bicudo (Folha 30-6-96)², queremos no início deste nosso comentário, propor uma questão para o leitor: As sociedades humanas devem ser orientadas pelos princípios morais e éticos, ou pelas leis?
   Por refletirem os acordos sociais normativos pelos quais a sociedade estabelece os limites dos direitos humanos (ainda que acordos provisórios), as leis hão de ser obedecidas, impondo-se à razão a justiça das cominações por elas previstas contra quem lhes viole os princípios que reflitam a justeza dos acordos.
   Essa é a razão pela qual entendemos inferir-se da obediência às leis, a adesão coletiva e compulsória aos princípios determinantes das regras por elas estabelecidas. Citando Garret: “é preciso que a questão dos princípios esteja acabada para seguir-se nas questões do método e da forma”, fórmula que indica com clareza meridiana o direito de a sociedade civil pronunciar-se sobre os princípios aceitáveis para o estabelecimento dos acordos, cabendo aos legisladores sua metodologia formal.
   A crítica da razão, definida em sentido amplo por Kant como um livre exame, foi reduzida pelo articulista da Folha ao axioma do direito do estado legislar, o que ele acaba chamando de “vontade popular”.  Para Nelson Ascher, compete aos políticos o legislarem sobre a moralidade pública sem antes estabelecerem os acordos com a sociedade. Assim, o modus vivendi, as convicções e os princípios éticos e morais dos indivíduos seriam                                                                                                                                                                                                               afetados por uma ação onipotente da classe política. Isso equivaleria a colocar a jusante de um rio a sua zona das nascentes e a montante a sua desembocadura, o que nos faz lembrar da fábula do cordeiro e o lobo: Causa e efeito estariam em posições invertidas, proporcionando ao lobo argumento favorável para a sua voracidade.
   São os princípios que determinam as regras para os acordos sociais e, especialmente no ocidente, não há como escapar ao juízo dos princípios esposados pela ética e moral cristãs. Desconsiderar este fato é atitude tirana, sem lugar apropriado dentro de uma sociedade que procura o convívio democrático entre os seus cidadãos.
   Muita lenha precisa ser queimada na fogueira do salutar debate sobre a coexistência do crime e da depravação com os direitos humanos. Com esse intento, apoiamos o nosso comentário com um depoimento de um mestre insigne, doutor em psicologia educacional pela Kansas University: “É verdade que as reações individuais para com as crises e experiências traumáticas variam muito, de acordo com a formação e experiência dos indivíduos (...) Para explicar os efeitos deletérios e os efeitos benéficos dos traumatismos, Sorokin aventou a hipótese de uma ‘lei de polarização’, segundo a qual a sociedade é composta de poucos heróis e santos, de um lado da escala, e de poucos criminosos, psicopatas, do outro lado. A grande maioria é composta de indivíduos bem  comportados,  que facilmente se ajustam aos padrões da sociedade. Acontece que ao enfrentar uma crise, essa classe neutra tende a gravitar em torno de um dos pólos” (Psicologia da Religião, Merval Rosa, JUERP, 1992, p. 110)
   O casamento entre homossexuais parece constituir-se uma possibilidade viável ao entendimento de Nelson Ascher, articulista da Folha, e isto em dois sentidos, pois o fato contemplaria uma solução contraceptiva ensejada por sexo não reprodutivo e privilegiaria a discussão sobre direitos individuais, onde a prática do aborto estaria incluída.
   Se considerado como tese, o citado artigo oferece o risco de uma perigosa polarização, possível de acontecer tanto na hipótese aventada por Sorokin, como no entendimento de tantos quantos dão crédito à Bíblia, à Tóra e ao Corão, escritos citados, segundo nos parece, a guisa de mote por parte do articulista. E a vingar uma polarização do eixo para a banda dos depravados, teremos no futuro uma nação cuja sociedade será constituída por famílias de homossexuais a desfilarem, orgulhosos e na companhia do seu presidente sob a mesma bandeirinha dos “gay”. Mais além, se perderá também a perspectiva de se contar com um povo reprodutivo, que tenha Deus como Senhor. E o destino da “pátria amada” será o mesmo de Sodoma e Gomorra.
   Nessa crise atual, onde crime e depravação são defendidos em nome de direitos humanos, outras pessoas não atingidas por essas patologias sociais devem se fazer ouvir. E os cristãos precisam colocar nas ruas milhões de casais que se proclamem a esmagadora maioria a exigir que o estado legisle conforme os princípios bíblicos, especialmente os emanados dos evangelhos.

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