quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Parênese



A Natureza e o Homem

Se Conheceram  depois do ato criativo.
Olharam ao redor e apreciaram a harmonia do todo.
A Natureza envaideceu-se ao ver-se bela, agradável e boa; o homem traçou planos construtivistas para criar um portal que exaltasse o belo daquele envaidecer, pedindo à natureza: - “Dá-me quatro mudas daquela grande árvore do jardim.
Sem pedir esclarecimento a Natureza atendeu o pedido do homem, que abriu um caminho reto cortando o bonito prado ondulado, por ele cultivado. Depois plantou duas mudas das árvores à direita de uma baixada e outras duas à esquerda.
Por  cerca de dois séculos as árvores cresceram entrelaçando os seus copados, que formaram entre si densa folhagem, que o homem aparou sobre o  caminho que abrira, dando ao copado forma de um portal.
A Natureza perguntou-lhe a razão de ser daquele expediente construtivista e o homem respondeu-lhe:
—- Deus deixou-te para a minha morada, depois de recolher para o céu o lindo Jardim do Edem, de onde expulsou-me,  
devido a transgressão de minha mulher, seguida da minha. Tu és, ó Natureza, a parte da criação que nós corrompemos e lugar para onde fomos expulsos do formoso Jardim de Deus.
Então preparei-te com as duas árvores um portal que me lembre de um dia ultrapassá-lo pelo arrependimento, para voltar à minha morada no Édem, Jardim de Deus.
E por quanto tempo nele permanecerás, perguntou a Natureza.
Eternamente, respondeu o homem, visto que arrependi-me da desobediência e Deus perdoou-me.
E a tua mulher? - insistiu a Natureza.
Pergunta a ela, pois com certeza não posso afirmar nada por ela.
E eu? voltou a natureza a perguntar.
Serás desfeita, mas sem sofrimento, pois alma não tens!

De: Carlos Mendes, inspirado na bela gravura recebida de minha irmãzinha Fidalma Guarini








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