domingo, 17 de fevereiro de 2013

IDEIAS

Feliz João Fumaça


Lendo A Felicidade Obrigatória, do escritor e jornalista Walcyr Carrasco, publicada em revista nacional, rumei a tempos passados e recentes. "... a felicidade ficou tão efêmera quanto os últimos lançamentos da moda. É traduzida por símbolos: a roupa de grife, o carro novo, o vinho caro, o restaurante elegante. Quanto mais sucesso, mais difícil tal felicidade". No quase final, de sua lúcida crônica, lê-se: "... alegrias momentâneas, que se esvaíram como fumaça". Realidades incontestes, porém invisíveis na visão supérflua daqueles de menor formação humanística. Ouvi de empresário, incluído entre os mais afortunados dos anos oitenta, a frase seguinte: "Dinheiro não dá felicidade para aqueles que não sabem comprar". Acreditava que adquirindo bens materiais os mais luxuosos. Recebendo pedidos de banqueiro para aplicação no Overnight de seu banco, com o objetivo de totalizar a cota exigível pelo sistema financeiro. Ver-se bajulado na classe empresarial. Ser notícia no mundanismo social. Mostrar-se o suprassumo do êxito. Era tudo. Não foi. Enquanto isso, em mesma época, lá em Aquidabã, pequeno município sergipano, sobrevivia um órfão de pais, da Terra e do Poder. Sem ninguém e sem vintém, comeu da caridade pública, relegado ao deus-dará. No rabo da enxada, lavrou. Desafiou o Sol por anos. Enfrentou secas. Pescou, vendeu pelos arruados, fez-se trocador de ônibus, funcionário municipal, vereador e, por final, sebista. Hoje, João Evangelista dos Santos é milionário. De felicidade. Não a comprou. Soube buscá-la. No Sebão, Mercado de Aracaju, entre os livros, perguntem ao João Fumaça seu segredo.

Geraldo Duarteadvogado administrador e dicionarista 

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