A festa dos urubus
Geraldo Duarte*
Numerar e nominar as plásticas cadeiras. Mudar o nome de Bar para Arcádia do Tico.
Projeto do doutor Ribinha, apoio do imortal Bududa e adesão dos esotéricos marxistas e dos anárquicos-fundamentalistas.
Somente os intelectuais tradicionalistas e os livres papudinhos surpreendentemente dizem-se em autocrítica.
Sábado. Cedo. Ali, Leôncio, com seu tablet e gelada cervejinha, começando a assistir ao clássico faroeste O Ouro de Makenna. Ouvia-se a canção musical de abertura, Old Turkey Buzzard. Sensibilizante composição de Quincy Jones, com arranjos de Freddie Douglas e interpretação do porto-riquenho Jose Monserrate Feliciano.
No filme, um velho chefe apache rumava para o cemitério sagrado, sob o voar de agourento abutre. Gregory Peck entrava em cena.
Vozerio enxotou a calma. Fez desligar o eletrônico. Prenúncio de discussões e linguaradas.
Mal o cinéfilo descreveu as cenas iniciais, fez-se a contenda. Sempre foi, é e será assim! Ao prenúncio da morte, à beira do leito, os rapineiros e os vermes armam-se para tirar tudo do futuro morto. Principalmente, se poderoso ou rico.
Palavras do conservador Lineu, que continuou: Lembram-se da finada URSS? Morto e embalsamado o premiê. Notícia de gripe. Depois, pneumonia. Sucessor escolhido era comunicado o falecimento..
Luzenildo atacou com seu dístico É a voz do imperialismo americanalhado! Bolivarismo é a salvação!.
Pacificador, Anapolino, colocou água na fervura. Evitemos exumar cadáveres e repetir chavões despropositais. Sabemos que, ao sinal de carniça, a festa é dos urubus..
Tico, eclético, continuou servindo bebidas e tira-gostos.
*Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
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