sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Roteiro de Leitura


“Bacia do Macuco”


Categoria: Romance autobiográfico e memórias
Idealizado em setembro de 1998
Concluído em 06-06-2000
 

“Bacia do Macuco”


Categoria: Romance autobiográfico e memórias
Idealizado em setembro de 1998
Concluído em 06-06-2000

Dedicatória:

WILLIAN WOJCICHI
Pastor que pensou minhas feridas abertas pela injustiça; ensinou-me a mansidão dos domésticos e adestrou-me para apascentar os selvagens, lhe ofereço este livro.


Roteiro de Leitura

      Como todos conhecem ou sabem refletir sobre a obviedade de um fato, quando ele é em si mesmo de fácil dedução, a autoria de uma autobiografia pertence ao personagem central, pois foi sobre si mesmo ou sobre fatos marcantes de sua vida que ele escreveu. Pela autobiografia o autor se sujeita à observação e a crítica de seus leitores, pois há que expor-lhes a natureza dos objetos pinçados no comportamento alheio, que o faz abri a própria alma aos seus leitores.
       Se o autor tem registros ordenados dos acontecimentos narrados, sejam por datas, sejam por conexões lógicas com outros eventos históricos notórios e paralelos, esse autor também tem condição de ser o historiador de sua própria história, cabendo ao leitor o julgamento.
       “Bacia do Macuco” é o título de uma autobiografia romanesca. Ela é verossímil e os leitores que já a leram conhecem tanto o seu contexto histórico, quanto as emoções que mais impressionaram o autor. E, ao receberem dele as impressões que ao seu redor gravitam, se mantêm nessa órbita como espectadores interessados em pinçar, no espelho da alma do autor, os objetos que também o impressionaram, se agradados desse conjunto gravitacional, onde fazem gravitar seus próprios interesses.
       Estes concebíveis reconhecidos metaforicamente como objetos gravitando ao redor do pensamento do autor, ao se oferecerem as especulações dos leitores, podem ampliar seus horizontes cognitivos, organizando formas psicológicas parecidas como um divisor de águas entre o refletido exame da realidade holística de si mesmo. No presente narrativo, que é um divisor de águas entre o refletido exame da realidade holística de si mesmo no presente e forma pela qual se indaga sobre um bem ou um mal formado pelo efeito do produzido no passado histórico, esta uma herança com ou sem empenho construtivista do ser cognoscível em oposição ao que, no ato de escrever, constituiu-se ou não o ideal no ser cognoscendo, o autor, sujeito e objeto investigado na autobiografia, que pode ser redimido ou julgado pelo que escreveu.
Há, no projeto autobiográfico, um momento de perplexidade ante o que se apresenta como auto-reconhecimento da estrutura psicológica cognoscível, contributiva ou não aos ideais que podem satisfazer o ideal de novas formas do viver - formatadas no momento da produção literária -,  uma “metáfora da passagem”, onde o autor desejou então manifestar a nova forma psicológica surgida, por comparação ou oposição à uma outra anterior que o situava perante um passado construído artificialmente no ato da idealização: Como alguém renascido para o “bom” viver e que, talvez perplexo ante a constatação de que era uma oposição ao que desejava ser, podia ser outro, como personagem de sua própria história.
São assim os romancistas, pintores de realidades que aqui não existem?
Mas o escritor também pode ter percebido posteriormente, que se alto afirmara  numa nova forma que não passara de num  estado latente e sem progresso, estado este também incognoscível antes de ocorrerem as mudanças implicadas na “boa” forma psicológica, subliminarmente encampada pela volição, esta talvez irracionalmente ordenada e incapaz de produzir a noção do novo ser no “aqui e agora” no momento produtivo em que escreveu a auto-biografia romanesca.
Diante dos dramáticos apelos “como ser melhor?”, “como ser feliz?”, achou-se talvez descobridor da fórmula que por tantas vezes já se oferecera ao seu exame sobre “o que fazer para mudar”? A resposta para esta indagação, em “Bacia do Macuco” está contida na metáfora da passagem, analogia que a obra torna evidente sem necessidade de grandes exposições ou investigações.
Por ser uma história romanesca e verossímil ao mesmo tempo, talvez o autor não se permitiu descrever com segurança os movimentos das almas dos demais atores, mesmo porque isto lhe seria impossível pela falta de confiança para lidar com os assuntos da psicogênese. Mas talvez não tenha acontecido o mesmo quando a formulações de hipóteses sobre os fenômenos pertencentes ao campo das humanidades, quando as personalidades a ele se ofereceram como fragmentos históricos individualizados (atores) ou coletivos (elenco) do romance autobiográfico. Nestes campos parece que ele agiu com segurança, sentindo-se um livre pensador com razoável espírito investigativo.
Há eventos históricos com leituras significantes para o deslindamento de algumas vicissitudes do autor e personagem central da autobiografia “Bacia do Macuco”, antes e depois do que ele propõe com a “metáfora da passagem” já mencionada neste roteiro de leitura.
Fora do texto e apenas por este roteiro, o leitor encontra algumas menções datadas dos eventos presenciados pelo autor.

  1.  Eventos e datas

1.1. Casamento                                    —    08-09-1955
1.2. Nascimento da primeira filha           —    18-12-1956
1.3. Nascimento do segundo filho           —    21-05-1961
1.4. Nascimento da última filha              —    19-11-1962
1.5. Metáfora da Passagem                    —    Ano 1975

2. Eventos e períodos, conforme principais capítulos da obra:

2.1.        “Embaixada Vermelha”         —    1957 a 1960

       2.2.        “As Cremalheiras”                —    1964
       2.2.1.     “O projeto empresarial”        —    1961 a 1965
       2.2.2.     “Agonia do Desemprego”      —    1965 a 1975
       2.3.        “O Ressurgimento”              —    1975 a atual


Apresentação
Por: Carlos Mendes
      
       A Bacia do Macuco é um logradouro da cidade praiana de Santos. Na época em que o autor enriqueceu-se com as experiências narradas na obra, esse logradouro pertencia ao bairro do mesmo nome. Em 1968, por ocasião do abairramento da cidade de Santos, que deu origem ao surgimento de novos bairros, a Bacia do Macuco passou a ser um logradouro do novo bairro do Estuário.
       Foi somente na década de 50, que o famoso logradouro daquela época veio a ser realmente descoberto pelo autor do romance. Antes ele só o havia conhecido pela ostentosa fama de lugar que convinha evitar.
       Mal adentrado na juventude, a insipiente cultura e a precária existência do autor, foram ali impregnadas com a audácia e o destemor que marcavam os padrões de conduta de alguns homens considerados notáveis nas tradições orais que circulavam de boca em boca, como tributo de admiração àquela maneira de ser dos homens valentes forjados no temeroso cais do porto de Santos. Mas a impregnação se deu na sua forma bruta. Só mais tarde e já na idade madura, saudosas recordações interessaram reflexões sobre as memórias subjacentes àquela remota experiência, cuja lembrança estava quase a apagar-se pelas brumas do tempo.
       O código de honra desses homens, quando confrontados com os padrões dos acordos sociais estabelecidos e impostos pela alta sociedade, originava uma vaga de paixões entre o despotismo de um lado, e a reação violenta do outro.  
       Havia, portanto, protagonistas reais para serem levantados no projeto literário. Mas todos eles já estavam mortos, e, para citá-los sem o uso de pseudônimos, cumpria elaborar um extenso programa de pesquisas e entrevistas junto aos moradores já idosos e aos familiares sobreviventes aos atores da autobiografia romanesca.
       Este projeto literário tem três protagonistas principais. O próprio autor não poderia deixar de figurar como um deles, pois, além de memorialista, o projeto também é autobiográfico, já que refere muitos fatos vividos pelo seu autor que, na realidade, constrói memórias em torno de si mesmo para identificar-se no tempo e no espaço com todos os acontecimentos. Esse enclave propiciou-lhe a construção de parêneses[1]. Os outros dois personagens são levantados como paradigmas, um do modo eterno de uma nova vida, e o outro do modo temporal, cuja dobra entre o “aqui e agora” e o eterno, fica como que suspenso na indeterminação.
       Há, contudo, muitos outros atores menores, que valorizaram este ou aquele episódio, que não poderiam mesmo serem  relegados ao esquecimento, sob pena e a estrutura da auto-biografia romanesca desabar.
Com os três principais personagens, o autor levantou parábolas que o ajudaram, e ao leitor, à compreensão de um conteúdo espiritual que também é abordado no romance. A primeira parábola é oferecida por uma experiência de passagem do próprio autor.
       Ao se associarem, as parábolas conduzem o romance a um final alegórico, que é uma subjetividade interessada em despertar o interesse do leitor sobre uma grave questão transcendental na vida humana.
       O tema desta auto-biografia romanesca e memórias é, portanto, a vida. E como a vida humana é uma edição única a cada vida, a narrativa aqui é diferente de outras tantas quantas já lha exaltaram.
       Bacia do Macuco foi colocada nesta obra, como a terceira das cinco eras vividas pelo personagem central e autor do romance. Ele procurou destacá-la como a era em que o “neandertal” desta história se prepara para enfrentar os sérios compromissos da vida adulta.
       Mas o leitor acabará descobrindo outras quatro eras e a significação de cada uma delas na vida do autor do romance, que acredita não ter traçado em vão este projeto.  




[1] Parênese (Gr. Paaineö, aconselhar, recomendar, instar, exortar)

Você poder adquirir esta obra em brochura (capa acima), visto que a edição formato livro esgotou-se.
Em brochura você desembolsa apenas $15,00, mais despesas de correio, atualmente, única forma de remessa, pois nas distribuidoras os volumes estão esgotados.
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