Vamos
evitar que o Brasil assuma Cuba e Venezuela, ou não?!
Reflexões
de um contra-revolucionário
Réquiem
aos inocentes úteis
Carlos Mendes
Pequeno Dossiê
BRASIL
Anos de Chumbo
Segundo escreveu o
amigo Walter, passando-me a matéria abaixo, que “circulou numa revista de pouca
circulação”; uma ironia, com certeza, pois há um “lay-out” da Revista Abril e
citações de publicações em jornais nacionais de grande circulação:
“Quando na sexta-feira 13 de dezembro de 1968, o
presidente Costa e Silva aprovou o Ato Institucional número 5, acabando com o
que restava dos direitos civis e dando carta branca à repressão, muitos jovens
ganharam o motivo que lhes faltava para pegar em armas. “A partir desse momento
a luta armada se apresentou como uma alternativa razoável” afirma a
historiadora Beatriz Kusbnir, diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de
Janeiro. “O golpe de 64 me despertou para a política. E o AI-5 me levou pra a
luta armada”, resume o fotógrafo carioca Paulo Jabur, que entrou para o MR-8 em
1969.”
No Brasil formou-se
um divisor de águas entre os ideais gramscistas e o da democratização do país, isto
ante um desafinado contraponto revolucionário inspirado por “Sierra Maestra”, este,
“acabando” por apaixonar os seguidores do psicopata Jânio Quadros e o seu vice,
João Goulart.
Esse divisor, para
mim, apresentou-se com clareza meridiana, pois há uma experiência pessoal que
vivi entre 1955 a
59, que em 1998 ganhou algumas páginas no capítulo V de minha auto-biografia
romanesca: “Bacia do Macuco”, capítulo que recebeu o título: “O quebra cabeça”.
E esta experiência pode ser entendida como um “insight” igual ao que ocorre na
experiência psicanalítica. Algo que, estando tão somente a nível inconsciente
na mente, especuladora e sofredora enquanto não iluminada pelo fato inquietante
que nela flutua, incognoscível, com seus contornos quase indefinidos querendo revelar-lhe
a forma.
Esse penetrante,
incitante e inquietante desafio eu passei para os leitores da autobiografia que
escrevi (ainda disponível economicamente em caderno grampeado).
O
insight trouxe-me grande ganho psicológico, pois me ajudou a compreender, creio
que tão bem quanto o insigne Castelo Branco e seus aliados ideológicos, entre eles
o grande mineiro e democrata Juscelino Kubitchek, onde nos levaria as inflamadas
preferências de Jango, manipulador de elos nos discursos de líderes
sindicalistas da classe trabalhista, todos, à época, inspirados por Sierra
Maestra. Milhares, senão milhões de circulares entravam no Brasil
principalmente pelos portos de Santos e do Rio, vendo-os eu, pessoalmente,
serem distribuídos entre os petroleiros e petroquímicos, em Cubatão. Essas
distribuições, e os discursos concorrentes para o mesmo fim: “Revolução
Comunista” eram instrumentos insufladores distribuídos e discursados pelas
agremiações sindicais surgidas em função dos poderosos nichos de trabalhadores
especializados que os setores automobilístico e petrolífero exigiram nas
décadas de 50 e 60.
Afirmo
em função destes fatos históricos, que vivi pessoalmente entre uns poucos milhares
de técnicos-químico- operacionais
especializados, tendo eu pertencido ao primeiro quadro dos que colocaram em
funcionamento a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, primeira a entrar
em funcionamento no Brasil, em 1955.
Afirmo também, que já existiam estratégias
muito bem planejadas por líderes comunistas preparados para alinharem, à nível
de confederações, a união desses novos e promissores setores da economia
brasileira, como planejamento do golpe comunista-castrista no Brasil, a partir
de Cubatão e capital do Rio.
Em
Cubatão, coube-me proclamar, e liderar em 57/8, uma justíssima greve geral
entre os petroquímicos, primeira centelha reativa do golpe de 64, afirmo-o com
toda segurança.
Juntando-se a tudo isto, alinharam-se ainda militares
das classes subalternas, que em 1964 encamparam os ideais daqueles novos
líderes sindicais, fortalecendo, assim, a persuasão ao engajamento das forças
políticas dos fautores da ideologia comunista no Brasil.
Mas
os atores do romanesco Fidel, autor de um tema ultrapassado, que só o insano de
“Sierra Maestra” quis continuar reapresentando, isto já às vésperas de a Rússia
tirá-la de cena. Mas essa peça surrada, sem outro público para assisti-la senão
os que lá em Cuba eram obrigados a exaltá-la apaixonadamente por Castro, tinha
como expectadores alguns brasileiros bem medíocres como expectadores nesse
palco burlesco chamado Brasil, e nós vimos nas décadas subseqüentes a de 64 a reapresentação dessa peça
de mau-gosto, e surrada, ser repetida sob inspiração gramcista, a cuja
representação juntou-se posteriormente o palhaço que o público do “circo
Brasil” elegeu por duas vezes para presidir nosso país.
Duas
décadas depois, a frustrada reivindicação de 64, ganhou palcos para
representação do que então viraria uma retumbante “palhaçada”: Sindicatos de
Classes Operárias que, em função do real desejo de seu “palhaço-mor”, jogou
dezenas de milhares de seus adeptos nas piores periferias do Grande São Paulo!
Perderam as lindas residências no ABC para cobrirem as perdas dos grandes
salários, os quais foram conseguidos como massa de manobra entre o Lula e os
capitães das empresas, que precisavam urgentemente fazer suas multinacionais
entrarem na era do CQT.[1]
Mas
o palhaço também era um patife, Ele negociou greves com os competentes
diretores das multinacionais da Via Anchieta e de todo o Grande ABC.
A
truta, que ambas as partes (empresários e pelego de ambição desmedida)
ganhariam para dar ensejo à custosa dispensa de grande quantidade de
mão-de-obra especializada para as empresas entrarem na era do CQT, que
ofereceria às empresas elevadas performances de produtividade que poderia em
breve tempo chegar a trezentas vezes
mais e, ainda, uma fantástica diminuição nos gastos fixos relativos aos
altos salários das dezenas de milhares de funcionários especializados demitidos,
só na Volkswagen.
Ganhou
o Lula, que embolsou considerável fortuna para si e párea o PT nas negociações
das dispensas dos operários especializados. Ganharam as empresas, cujos
capitães sorriam a larga com o formidável ganho do CQT[2]
vendo os bobões aduladores dele, ufanoso “grande líder”, que aproveitava a
”nova era” para, outra vez, enriquecer e fortalecer-se politicamente, até
ganhar seu primeiro pleito a Presidente da República brasileira.
Inaugurava-se
a era do PT, com apresentações ao vivo por redes de televisão, explorando o
ganho da popularidade que a Grande Mídia oferece.
Essa
massa difusa, hipócrita e insensata que hoje dá ibope a quem interessará? O tão
propalado “mensalão” é como “trocados” em função do que vocês: enganados e
expoliados perderam e nos fazem perder.
Diríeis
que ganhou o parque industrial, que enriqueceu-se, ensejando a riqueza
nacional... Pois sim! Não vês, ó cego petista que o teu país continua
essencialmente sendo sustentado por uma economia quase que essencialmente
agrícola?
És
cego para ver quem enriquece? Não sentes em tua própria pele (e na dos teus
filhos) que tu e teus irmãos empobrecem sempre mais?
Não
és capaz de ver que até mesmo os Estados Brasileiros do sul, que sempre
sustentaram a nossa nação, empobrecem?
É
burro, ou demônio como os teus líderes petistas?!...
Pusestes
a batuta do nosso país nas mãos de um “cachaceiro”! Não tenho nada contra os
viciados em cachaça, desde que não se metam a querer governar o que quer que
seja. Se tu fores um cachaceiro, apesar de seres “cara” com estudo, com honestidade me diz,
estando tu embriagado: Podes dirigir se quer um carro? E o que me dizes: “Uma
nação” com 200 milhões de habitantes?! Achas mesmo que foi o Lula o governo do
teu país? Te digo, foram os malditos “mensaleiros”: o safado do Dirceu e outros
da estirpe dele que governaram. Governaram inclusive o Lula!
Não
és capaz de calcular o mal que fizeste a ti, a teus filhos, mulher ao te
apaixonares por um político safado, que com oito anos de trabalho na Volks
deixou o torno corta seu dedinho mindinho, pois a lei trabalhista lhe garantia
aposentadoria integral por invalidez! Invalidez! Por um dedinho cortado!
Aos
meus 82, começo a ser prejudicado, isto depois de uma longa carreira como
empresário, que pagou impostos, aposentou a muitos, como eu, só que, como eu, estão
vendo suas aposentadorias, ganhas por longos anos de trabalho (eu aposentei com
mais de 40 anos de trabalho), não representarem quase nada em relação ao valor
original
Quiseram,
recentemente, trazer de volta ao palco as apresentações aterrorizadoras da peça
comunista que inspira temor, quando tentaram montar a peça gramscista. Mas se ainda
não vimos sua apresentação acabada, por outro lado continua sem ser conhecida a
peça democrática, que tantos deleites libertários derramam sobre povos protegidos
por esse sistema de governo ideal, se construído por povo e governo leais a
seus preceitos.
Ligando eras
políticas da década que se seguiu a partir de 1955, vimos os adolescentes daqui
preparados ao engajamento na militância comunista. A pregação dos grandes
líderes sindicais, devidamente catequizados por “Sierra Maestra”, infiltrou o
discurso castrista como uma contra-cultura política nos costumes civis dos
nossos jovens, incitando-os a uma contra revolução comunista, acintosa posição
que, dez anos mais tarde tentava
impor-se contrariamente ao golpe militar de 64, que Sierra Maestra sabia, sim,
ser mortal aos sonhos de expansão de sua frágil doutrina onde a esquerda - mais
um ponto divergente da doutrina capitalista de Fulgêncio Batista do que uma
noção sábia para a necessária reforma política do sistema -, certamente não
totalmente recomendável ao nível de uma boa convivência democrática.
Assim, muitos dos
nossos jovens se perderam para os ideais de liberdade ao se engajarem numa
ideologia totalitária. Cruel paradoxo!...
Réquiem a estes
inocentes úteis, que sem saída possível depois do engajamento, foram ceifados
ainda jovens pelo confronto armado contra outra ideologia totalitária
pós-castelista, a qual se justificava pela necessidade de um contraponto
impositivo, que nada tinha a ver com a questão: Comunismo ou Democracia.
Carlos Mendes
Escritor e poeta; ex-colunista dos jornais “Correio do
ABC(1996/97) e da seção cultural dos Sete Jornais de Bairro em Mauá(1997/98). No
ano 2.000, escreveu a apresentação ao projeto “O Brasil e a Mídia”, que o MINC
colocou na Galeria NO TREE, em Berlim.
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