sábado, 8 de junho de 2013

Artigo

NOSSA VIDA SUB-JUDICE
Carlos Mendes

"Adhuc sub judice lis est." A lide ainda está sob [apreciação do] juiz” é a trágica situação de um “reles” civil. Há infinitos exemplos de uma outra ordem jurídica alheia a elementos civis que cobrem, protegem, guarnecem a sanha ilegal dos elementos civis eleitos e/ou nomeados por estes a cargos executivos em qualquer um dos três poderes no Brasil.Vamos eleger apenas um exemplo entre os miríades disponíveis em toda a longa história de injustiças, que vêm a décadas (antes sob o gládio dos monarcas, e depois da proclamação da república, dos políticos, que fazem política em causa própria), oprimindo o indivíduo da área civil no Brasil, que sempre foi e continua sendo “burro de carga”, sobre cujas costas está o pesado Estado brasileiro, sem nunca ter dele obtido a contra partida do benefício público que a outra classe, a política, consegue antes mesmo da primeira instância nos processos de incriminação deles contra a ordem pública que enfrenta e que nunca foi inaugurada oficialmente pelos legislativos brasileiros, quando o sujeito da transgressão às leis é um ente político desfrutando as benesses do poder. Dizem que alhures sucede o mesmo, desfaçatez sem mérito argumentativo, pois a massa humana sem princípios éticos, morais e espirituais é a mesma em qualquer parte do mundo. Nenhuma novidade argumentativa meritória, portanto, nesta torpe, vândala, ignóbil, e não sei quantas mais adjetivações pejorativos caberiam aqui nesta minha argumentação revoltosa.
Que nos maltratem, trucidem e humilhem, proclamo como ente civil. Que façam lá o que quiserem, pois: o que vale a vida sem liberdade, igualdade e fraternidade, anseios que pelos    quais Jean-Jacques Rousseau sofreu desprezos de toda sorte, por pregá-los pela primeira vez como bem social inalienável ao ser politycos como ideais a um regime político justo. Sua obra empoeirou-se nas galerias do saber humano! Foi relegada a simples folclore e não permaneceu ativada na vida pública real, porque pusilânimes são todos os homens do mundo; em todas as épocas o foram (ressalvando-se na da queda da bastilha), e continuam sendo! Por covardia nunca seguem em frente na defesa dos justos ideais. Basta o barulho de um desembainhar de espada; um clic armando o gatilho de uma reles garrucha, e logo o homem se mija de mêdo. E assim segue ele vivendo sob o tacão das botas militares comprometidas com o fausto enganosamente prometido pelos chamados poderosos deste mundo governado por políticos descaídos de todas as virtudes humanas!
Bem, chego ao que de fato propuz excrever neste artigo.    

            Há entre nós “cagadores” de histeria nacional, que redigem uma história nacional que lhes acoberte a histeria pelo poder. Parece-me que entre o final de cinqüenta e início de sessenta foram queimadas as verdadeiras páginas de nossa história, que não nos informaram grandes conquistas nos ideais de liberdade, fraternidade e igualdade, mas que deixaram aberta essa possibilidade. Mas, pelo contrário, entre nós, no momento, tudo está à venda. Até mesmo as consciências cobertas por juramentos acadêmicos.

            Que droga de país está sendo arquitetado pela infame rede dos famintos pelo poder. Nossa pátria é hoje em dia um país conquistado. Nele quase não existe mais o ideal da verdadeira brasilidade.
            Só não consigo entender a escolha atual dos irmãos do sul recair sobre o pulha que os está governando (digo-o quase a rir, pois é muito forte a minha convicção da fraude eletrônica nas nossas eleições). Certa vez, em 62, quando em Porto Alegre mantinha uma filial de minha empresa na Praça da República, e tratava com os empresários locais,  numa famosa barbearia da Rua Da Praia, ou saboreando as carnes preparadas na Taberna Gaucha com a roda de amigos e funcionários locais; quando nas viagens de ônibus entre Porto Alegre e Caxias do Sul, a conversar com outros passageiros, desde gaúchos de Bagé até os descendentes de italianos nas serras gauchas; quando da renúncia de Jânio, gaúchos guapos crentes na virilidade daquele que cedo nos decepcionaria, me perguntaram os empresários, colegas o mesmo que tive de responder as inquirições dos da barbearia, cercando a cadeira deste paulista palrador sobre o que lhe parecia a boa política brasileira: “Che, nós estávamos preparados para marchar para São Paulo e garantir com vocês o governo Jânio...
E agora, lá naquele sul de gente viril, o Tarso! Que barbaridade, Che!
    Estou demasiadamente decepcionado para aceitar a paralisia dos velhos nesta nova quadra de minha vida. Quando jovem, imaginava-os sérios, graves, destemidos defensores de suas enormes proles! Nunca excogitei desistir da luta e agora em nada prezo a minha vida, seja porque estou velho e cansado, seja porque não desejo viver aquele arremedo de liberdade de minha juventude; seja porque essa olhada para o passado significa muito maior herança para eles do que valores que estivesse vendo naquele contexto. Transtornar este dissabor valeria muito mais do que a breve vida que “aqui e agora” tenho de reserva para viver.
     Para que tantos Partidos, quando a teta de todos é somente uma?
    E quantas siglas para nos afanarem!... Para citar só uma: PAC, programa de aceleração da cachorrada.              
              

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