Excelência,
Os homens de Holywood têm atitudes bem contraditórias. Certamente o senhor se lembrará da frase do personagem Bem Hur, filme do mesmo nome, e antes que me pergunte qual a frase, me permita dizer que ela foi pronunciada na cena onde o Messala, temível e arrogante chefe do exército romano na Judéia, tenta convencer o Bem Hur a denunciar os seus compatriotas, ressentidos contra o domínio despótico de Roma. Ultrajado com a proposta, Bem Hur responde que Roma é um insulto perante Deus e que na sua queda ecoará um clamor jamais dantes ouvido.
Às vezes fico tão indignado quanto o Bem Hur, excelência, pois os Messalas de agora certamente agem sob inspiração superior. Veja, excelência, os homens de Holywood: representam com competência os seus desprezos pelas figuras dos cézares, mas agem pior do que eles na atualidade. E essa ostentosa jactância, excelência, me lembra um outro filme onde o personagem é O Cid, vivido pelo mesmo ator que representou o Bem Hur. O pai do Cid fora humilhado ante todos os súditos do rei de Espanha ao receber na face um açoite da pesada luva do campeão do rei, que também era o pai da donzela prometida em casamento ao El Cid. Buscando reparo perante o ofensor, este Cid recebe do futuro sogro resposta humilhante: “Vá embora, Rodrigo, pois ninguém o desprezará por não enfrentar o próprio campeão do rei”. Com a espada já desembainhada El Cid lhe responde: “Pode um homem viver sem honra?”
Contam-se muitas histórias sobre os grandes heróis, que nem sempre o foram como querem as lendas fazer crer. Mas eu creio na veracidade da história contada pelos homens de Holywood, sobre Jesus, excelência. Isto lhe parecerá outro paradoxo da parte deles?
Estou entre os que crêem que o poder para bem governar um povo tem tudo a ver com o que os árabes chamam de “Temor reverente a Deus”, referindo-se a Alá. Mas, quem honra a Deus também honra o seu próximo. E esta segunda exigência não é obedecida por nenhum dos dois povos, e agora se vê menosprezada ao extremo entre nos, brasileiros, por uma esmagadora maioria de gente esnobe a considerar infantilidade a crença no homem de Nazaré e sua investidura divinal como Salvador do homem, que a Bíblia revela ser coroa da criação de Deus, gerado pelo próprio sopro de seu Criador transmitindo-lhe sua própria essência vital, seja, seu próprio Espírito soprado nas narinas da argamassa antes modelada com extremo amor.
Desculpe, excelência, se dirijo aos seus ilustres ouvidos palavras estranhas que vão além da política, ciência exigente em aplicações esforçadas para dominar-lhes os cânones constitutivos.
Carlos Mendes.
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