quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Reeprise de Artigo para meditação nesta época de calamidade nacional

Crime, criminoso, incriminar
*Carlos Mendes


O filólogo Pedro Luft me ensinou que as palavras são “seixos que rolaram em rios de fala”, na boca de amigos ou nos pensamentos de inimigos, acrescento eu.      
A palavra crime pode ser (ou ter sido) sinônimo de “violação culpável de lei penal”, dependendo do modo e pessoa do verbo incriminar no tempo em que ele é usado.
        Por exemplo, do ponto de vista daquele que está investido de autoridade legal sobre um “ele” do presente atual ou histórico, a prática delituosa é crime passível do castigo cominado em lei penal. Mas este poder de decisão se constitui uma ambigüidade quando a permissão inferida no exercício do poder é dicotômico em relação ao que se entende por justiça, se esta não se conformar com o direito, este uma imposição de atos justos, honrados e honestos.
O fato da autoridade só poder ser legitimada quando há permissão fundamentada no direito de bem julgar, argumenta em favor deste meu pensamento, o que num regime democrático é uma autorização recebida da polis (cidade, estado), por escolha majoritária entre os seus concidadãos.
Voltando ao Luft e aos seus conceitos sobre as palavras, concordo com o filólogo: “há uma filiação expressa em grandeza, onde os filhos serão sempre maiores do que os seus pais”, quando se fala na relação entre palavras primitivas e suas derivações. Diz ele que, quanto à evolução, “palavras primitivas são palavras velhas. Palavras que fizeram muito caminho” e fico eu imaginando como se dará no Brasil a evolução das atuais asserções sobre as filiações: Povo/democracia, democratas, democratização; justo/justiça, judiciário; lei/legalização, legalidade, legitimidade; crime/criminoso, incriminação.
Saber-se-á naturalmente o que me intriga, perturba e enche-me de cuidados. Enfim, o que me deixa perplexo quando esquadrinho as possibilidades políticas do nosso país. E por mais que eu tente encontrar neste ou naquele político, nesta ou naquela agremiação alguém ou alguma coisa em quem ou em quê eu possa confiar o devir histórico do Brasil, tenho a sensação de estar cercado de incompetência e falta de caracteres justos, tais como a honradez e a honestidade, que não são somente desejáveis, senão indispensáveis ao exercício da representatividade.
E sobre mim mesmo eu concluo que não é sem razão que reflito sobre a canseira da assistência aos programas noticiosos, sempre mais repletos de bestiais calamidade: pais marretando o côco de crianças ou violentando-as bestialmente; de homens ensandecidos com ciúmes de suas “fêmeas” – pois para tais bestas humanas esposas é que as suas companheiras não são, no sentido estrito deste nobre termo – matando-as com agravantes de crueldades.  
Canso-me por ser e compartilhar este mundo de seres disformes da originalidade com que foram criados e fico a pensar: Meu Deus, o que mais falta acontecer para o cumprimento do “tempo do fim”, que profetizaste? E isto me faz concordar outra vez com o Luft, desta feita pensando na estrutura do caráter descaído da humanidade, e repito: sim, os filhos são mesmo sempre maiores do que os pais; em maldade, concordância que dá novamente crédito à palavra de Jesus: "Quandfo o VFilgo do Homem voltar, haverá fé na terra?"
Diante de todas as evidências históricas a revelar o grande progresso científico casado com o declínio da moralidade humana e o conseqüente aumento da sua ruindade, que razões terão os inimigos de Cristo para afirmarem positivamente?

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