segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cantiga satírica


São zombeteiras, escarnecedoras ou maldizentes

Não conheço quem possa viver
Neste reino já contente,
Pois a desordem no povo
Não quer deixar de crescer.
Ela está tão sem medida
Que não dá nem para sofrer
Não há aqui quem possa ter
Boa vida.

Outros vão trazer atados
Uns lencinhos no pescoço
Que quão grande pedra num poço
Deveriam ser jogados.
Outros, sem ser emancipados,
Sendo menores de idade,
Já andam com a vaidade
Agravados.

Em qualquer aldeiazinha
Achareis tal corropção,
Pois mulher de um escrivão
Acha que é uma rainha.
E também os lavradores
Com suas más novidades
Querem ter as vaidades
Dos senhores.

Extraído de:PRODUÇÃO DE TEXTOS & GRAMÁTICA, Ed.Saraiva
Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza

Duarte da Gama trovas às desordens em Portugal.
Gama, Duarte da (séc. XVI). - Poeta português. Sua obra aparece numa edição do Cancioneiro de Garcia de Resende, impressa em Lisboa em 1516.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

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