quinta-feira, 3 de outubro de 2013



“Soldados perdidos de arma na mão. No quartel lhes ensinam antigas lições.
De morrer pela Pátria e viver sem razão” 
Geraldo Vandré.

CARTA À GERALDO VANDRÉ 

Eu sempre gostei da arte...  /   Da música e do violão!   /  Por isso peço atenção  /  Ao pobre e singelo aparte /
Que mando cá desta parte   /  Ouvindo a tua canção   / E julgas, pelo teu lado,  /  "Perdidos de armas na mão..."  /  Do fundo do coração /  Que fala sobre os soldados /

 E vendo a toada bonita /  Que deste ao Maracanã / Não pude ficar teu fã  /  No meio de tanta grita, / Pois eu conheço a desdita Ao longo desta Nação / E sei que as armas na mão / Não andam sem resultado.  / Bendigo todo o soldado  / Que cruza o nosso torrão.

Não vi soldados perdidos / Na vastidão deste chão, / Se existem armas na mão / Também existem bandidos...
Gente que perde o sentido / Banhada em tola vaidade / E muito cedo se invade / Por cantilenas descrentes
Falando em nomes de gentes / Que nunca viu de verdade!

Andei por vales e serras / Sertões, caatingas e matas... / Não trago o ouro nem prata... /  Do fundo de tantas terras.
Fui muito feliz na guerra / E fiz gigantesca obra / A qual me deixa de sobra / Bom saldo na vida eterna
Pois trago a marca na perna / De três picadas de cobra...

Vibrei de emoção um dia / Ouvindo um primeiro trem / E a gente que o viu também / Chorava ali de alegria.
E em cada apitar sentia / O raio de nova aurora / Dos novos Brasis que agora,  / Surgiam naquelas frentes
No meio daquela gente / Que sofre mais do que chora.

Levei à Amazônia as cores / Do nosso verde e amarelo  / Fiz nosso Brasil mais belo / No passo dos meus tratores.
Semeei milhares de flores / Em terra vi gente nativa / Que a gente verde oliva  / Pisava por vez primeira
Levando junto à Bandeira / Mensagem mais que altiva.

Semeei milhões de dormentes / Sulcando terra brasileira. / Fiz coisas que na verdade / Nem eram para um tenente! /
Fiz partos e arranquei dentes... / Dei aulas, semente e pão. / Do povo - fiz a Nação /
E agora vem um Vandré / Dizendo que é tudo em vão!

Por isso sem ter violão / Também fabrico protesto / Pois vejo neste teu gesto / Pobreza de coração...  /
Que lança só confusão /  No meio do povo inculto  / Mas nada constrói de vulto / Olhando a tua Nação. /
Que te dá paz, luz e pão / Enquanto bradas estulto.

Que trazes junto contigo / Além do violão e o ouro?/ Cantando com tal desdouro /  Quem nunca negou-te abrigo /
Quisera ver-te comigo  / No fundo lá das fronteiras!/ Levando a nossa Bandeira / A terras de gente nossa /
E ver se ainda essa bossa / Ladrava dessa maneira.


Não temos velhas lições / No culto da tradição. / Pois ela forja a Nação / O povo das multidões /
Mas tuas fracas canções / Não sentem que esse argumento / É chama, é calor, é alento / É tudo nos bons ideais. /
Dos bons soldados leais / Que ofendes neste momento. /

Nação é povo idealista / Nação - é feita de ideais / Não são cantigas banais / Das folhas de uma revista /
Ninguém de pequena vista / Verá fundamento ou graça / Nas coisas que dão à raça / Sabor de grande Nação /
São coisas que o teu violão / Não troca pela cachaça...

Tu nunca viste outra frente / Sem ser a do castelinho / Por entre copos de vinho / Por entre uísque fluente.
Mal sabes que toda gente / "Perdidas de armas na mão" / É que te assegura o pão / De filho de papai rico
E evitam calar teu bico / De arauto da ingratidão.

Coitado de ti, meu filho / Que enterras um nobre alento / Com grito, sem fundamento / Que tanto ofusca o teu brilho /
Tu nunca viste em teu brilho / O pranto, a tristeza, a dor / Rodando em rico motor /
O sol lá de Ipanema / A praia do Arpoador...

Enquanto aumentas a prata / Na pompa dos festivais / Há gente boa demais / Lutando por entre as matas /
Levando vidinha ingrata / Sem água, sem luz, sem pão / Pregando a "velha lição" / Que aquilo é terra da gente /
E alguém precisa ir à frente  / Porque milhares não vão.

Alguém precisa ter raça / Porque milhares não têm!  / Alguém precisa também / Zelar por toda esta massa /
Antes que a voz da desgraça / Espalhe cantos bestiais / E à sombra dos festivais  / Cultivem gritos de guerra /
Fazendo de nossa terra / Sepulcro dos bons ideais.

Por isso faz heresia / Quem julga velha lição / Que foi-me posta na mão / Nos bancos da Academia /
E hei de sentir um dia / De ver meu Brasil de pé / Embora vários Vandrés / Se ponham no seu caminho /
Tentando lançar espinhos / Nas flores da nossa fé.

As flores que não mataste / Quando pisaste sobre elas / Pois são mais fortes e belas / Que aquelas que lá semeaste /
As tuas nascem sem haste / Sem brilho, sem luz, sem nada / As minhas nascem douradas / Com muito mais fundamento /
Deixando as tuas ao vento / Na poeira da minha estrada.

Desculpa se de meu posto / Respondo como soldado, / Não pude ficar calado / Com tal ofensa no rosto /
Senti profundo desgosto / Nos gritos da multidão / E vi que as armas na mão / Não podem ficar de lado /
Bendigo a voz do soldado / Que faz de um povo - a Nação!


(Itajubá, MG.- 10-11-68- João Batista da Silva Fagundes - Capitão Engenheiro)

Palhaços iguais ao Vandré nos deram o Lula, este com dois documentos: um brasileiro e outro italiano.


“Soldados perdidos de arma na mão. No quartel lhes ensinam antigas lições.
De morrer pela Pátria e viver sem razão” 
Geraldo Vandré

... Ou sem razão de ter pátria por ser um bobão, ou então um cagão contando basófia de valentão.
  Palhaços iguais ao Vandré nos deram o Lula, este com dois documentos: um brasileiro e outro italiano.
Carlos Mendes.





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