sexta-feira, 27 de junho de 2014

Parenética

Alegoria

Viajando para o Natal Eterno
Carlos Mendes

               Pelas frestas das venezianas do meu quarto, clarões infiltrados e apavorantes me despertaram.
               As pernas bambearam ao levantar-me para abrir a janela, a ver o que acontecia,  mais para confirmar o temor de perdas eminentes.
               Vi um céu riscado por milhares de linhas luminosas, rastros de corpos de diversos tamanhos incendiados pelo atrito com a atmosfera, cuidando que me encontrava em desvantagem científica para entender a extensão do acontecimento surpreendente a oferecer-me intuições cognitivas ali naquele posto de observação!
               Avistei a terra pairando indefesa ante o bombardeio de enormes corpos celestes envoltos em chamas.  E eu inerte e também sem peso a flutuar no espaço sideral. Desconfiado, procurei a plataforma  a impulsionar os meus pés para cima e sustentando o meu corpo? Olhei para os meus pés, mas eles flutuavam sem nenhuma sustentação.
                Concluí que a terra estava desprotegida. Senão, onde os grandes corpos celestes agindo como escudos dela, "suite do universo"?[i]
               Quase sufocado por aqueles formidáveis acontecimentos, senti uma sacudidela a vergastar-me suavemente o lombo... Ela estava mais para carícia do que para reprimenda!
               Notei que eu subia, vendo agora a terra, minúscula figura a distanciar-se ràpidamente e quase a sumir de minhas vistas.
               Cessado o meu susto, o espetáculo parecia-me agora grandioso demais!... Mas, foi sempre assim!...", concordei, notando agora a presença de outros homens que subiam como eu subia, se é que o universo não tivesse virado de cabeça para baixo, parecendo então que estávamos subindo, quando na realidade caíamos.
               "A grandeza do homem em relação ao universo criado por Deus para ele, homem, mostrava-se finalmente admirável, e por certo aqueles com os quais eu estava reunido, subíamos! Mas nada éramos em comparação com a grandeza infinita do Criador, que todo universo criara para o homem, para nele colocar a terra, e nela o homem, sua criação por excelência!
               E agora o Criador o estava desfazendo para que os tornados justos pela justiça de Deus ao enviar seu próprios filho para que todos quantos Nele cressem fossem salvos da segunda morte, esta definitiva! 
               Ah, aquele espaço infinito, "obra inteligente" preparada por  Deus para colocar nele a terra, morada do homem criado à sua imagem e semelhança!
               Porque tanto espanto e curiosidade de minha parte, preparado que fui para finalmente ir ao encontro das Novas Plagas onde celebrarei para sempre o Natal Eterno?



[i]Designação oferecida à teoria do "design inteligente", que está sendo explorada como prova científica da existência de Deus, o  Qual nunca se discernirá cientificamente, porque: "Deus é espírito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (João 4:24)
Ora, quem não O crê existente, com jactância científica sempre negará a Sua existência. Então, que tolice querer ter revelação maior do que aquela que o próprio Deus ofereceu ao homem ao enviar seu Filho Amado para revelar o Seu grande Amor, oferecendo-O à morte de cruz para resgatar o homem das garras da morte pelo pecado, pois: "Deus é Amor" (Evangelho de João:4:8 e 1 João 4:16)

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