quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Meditações

Meditações no Evangelho de João, Capítulo 15:1 a 3

1 - Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2 - Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
3 - Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.

Das
Meditações:

       Enquanto apliquei esforço intelectual para apreender os ensinamentos de Jesus contidos nesta passagem, eu só consegui apreciar a beleza estética da parábola, gênero culto de literatura.
       A parábola é uma espécie de alegoria ou apólogo com ensinamento moral, gênero que já encontrara antes nas famosas fábulas “A formiga e a cigarra”, “O Cordeiro e o Lobo”, escritas por La Fontaine na renascença literária francesa, entre outras muito conhecidas. A parábola é um método empregado no discurso por meio do qual as verdades morais e religiosas se ilustram pela analogia com fatos da vida comum.
       Muitos ensinamentos de Jesus são riquezas desse gênero literário que conhecemos nas parábolas (que não podemos confundir com a fábula, gênero que também explora a alegoria como forma de inculcar uma verdade em que falam animais ou seres inanimados). Portanto, na qualidade de homem, Jesus nos legou muitos tesouros literários. De homem para homem ele falou o que os seus apóstolos registraram, construindo um acervo literário simples e acessível, porém erudito.
       As expressões alegóricas impressionam o sensório, onde a nossa sensibilidade é ativada, favorecendo o surgimento de um fenômeno psíquico-neurológico conhecido como cognição (1)
       A passagem em João, 15, impressionou-me durante muitos anos, e recentemente esforcei-me para compreende-la em toda sua profundidade intrigante, quando apliquei-me em pesquisas hermenêuticas(2) e epistemológicas(3). Desse esforço não resultou mais do que novos reconhecimentos superficiais. Com esses equipamentos não consegui senão uma visão melhorada do texto literário. Entendi, então, que faltava a revelação presente no texto, pois ele não expressava apenas o falar de um homem admirável, mas os ensinamentos incomparáveis do Onisciente. E ao sentido do que Deus fala só é possível chegar por revelação do próprio Deus. Como isso aconteceu comigo, já experimentado em muitos desses insight’s(4)? Com certeza esquecera-me de buscá-lo em João, 15. Coisa intrigante o que a miúdo se passa conosco. Portanto, que ninguém se encha de jactância, disse eu para mim mesmo ao lembrar-me do que a própria revelação de Deus tantas vezes me ensinara.
       Inclinei-me então para buscar a revelação de Deus nesse texto e a iluminação começou a brotar naturalmente. Eu argüia Deus sem pressa, passo a passo, versículo por versículo e Dele recebia de revelação em revelação. Respostas simples eu recebia em doses continuadas. Vez ou outra a iluminação tardava, mas não me afligia pois estava cheio de fé condicionada à certeza que havia tesouros infinitos na passagem. Após a primeira semana, continuava buscando esses tesouros. Aos que já cheguei, vou mostrar. Mas não pensem os leitores estas linhas, que os tesouros se esgotam pelas mostras do que me foi dado entender da parte de Deus, pois outros sempre estarão à disposição dos que, sem pressa, começarem a se abeberar nesta pequena passagem cheia de fontes inesgotáveis de revelações dos mistérios de Deus, aliás, contingências presentes em toda a Escritura Sagrada, confirmando-se isto pela fé de quantos se achegarem à Bíblia (Palavra de Deus) crendo que Ela é a única revelação de Deus para todo homem que Nele crê.
       Vejam que coisas simples eu tenho para contar:
       Argüi o versículo 1 da passagem bíblica que abre esta meditação, e entendi que Deus continua trabalhando na sua lavoura e cuidando da única videira que nela está plantada, pois se não houvesse mais trabalho a fazer na lavoura não haveria mais a figura do lavrador: “Meu pai é o lavrador”, ensina Jesus. A menção “meu pai é” firmou a minha fé no tempo presente e procurei saber quem acabara de falar-me e achei então Jesus falando comigo no presente e através do texto. Falava comigo no presente e estava presente nas palavras do texto. Falou “eu sou a videira verdadeira” e revelou-me que estava sob os cuidados de um lavrador que era o seu pai ao dizer-me: “e meu pai é o lavrador”:
       Quem falava comigo não estava sozinho no mundo - mundo e lavoura de Deus com uma única videira nele plantada -, única e videira verdadeira, pelo que era única. Portanto, não havia outra do mesmo gênero, e como a revelação é no presente, presente na lavoura, que é o mundo, ela no mundo continua. A videira não está solitária num ermo, pois nele também está o lavrador e também eu, que também estou nesse tempo presente. Era um encontro de três na lavoura: a videira o lavrador e eu.
       Descoberto que a videira é Jesus, passo a ouvi-lo falar as palavras do versículo 2 e entendo que ele continua falando da videira e dos cuidados do lavrador. Agora a videira é referida pelo pronome pessoal “mim”. Jesus personaliza-a em si mesmo como fonte produtora de frutos, para esta finalidade plantada na lavoura (Mundo) do agricultor. E argüindo o sentido da comparação, precisei socorrer-me nos versículos seguintes onde me identifiquei como um ramo natural daquela videira. Em primeiro lugar, entendi que na videira não havia ramos quando o agricultor plantou-a na sua lavoura e que, então, já era videira antes de ser plantada. O agricultor não a fez nascer de um ramo ou de uma semente. Plantou uma videira existente antes de ser plantada na lavoura (mundo). Em segundo lugar eu entendi que é na lavoura que ela recebe os ramos onde nascerão os seus frutos. Para isso são recebidos, para que se tornem mais produtivos pelo trabalho do agricultor, que poda os ramos que não cumprem a finalidade de frutificarem e limpa os parasitas de natureza diferente dos ramos da videira para que não consumam a seiva vital que alimenta os ramos para a produção dos frutos que lhe são próprios. Em terceiro lugar eu entendi que ao lavrador interessa melhorar o vigor natural de ramos produtivos, para que os frutos se multipliquem sempre em maior escala.
       Recebendo esta revelação na qualidade de vara enxertada na videira, confirmei então que a minha finalidade como homem no mundo (ramo da videira na lavoura do agricultor) é a produção.
       Ao versículo 3 não preciso argüir, pois das revelações dos dois primeiros resultou a confirmação do fazer parte do corpo de Cristo (videira da lavoura de Deus). Mas, do que se revelou outra vez à minha argüição, confirmou-se a revelação que de fé em fé vou xperimentando: Revelação animadora, que de Jesus recebo diuturnamente: Ele me tem limpado. Então exulto ao descobrir-me vara produtiva e cheia de vigor para a reprodução do amor de Deus no mundo, porque “Deus é amor” (João 3;16; 1 Coríntios 13; 1 João 4:8 e 4:16)
Caminharemos juntos, abeberando-nos nos demais versículos desta parábola?
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Pr. Manuel Mendes Jr.
Ministro na Igreja Batista na IV Divisão, distrito de Ribeirão Pires, SP

Carlos Mendes, 81
http://egeneto.blogspot.com
Ex-Evangelista pela Convenção Batista do Estado de São Paulo.
Diplomado Escritor e Poeta da cidade de Ribeirão Pires, SP (Diploma anexo)




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