O menino e o Urso
Carlos Mendes
Para
ilustrar a embaraçosa situação de uma pessoa tentando se livrar de algo que
insistiu em conseguir, um dos mais notáveis estadistas que a raça humana produziu
- mestre na arte de referir episódios da vida através de alegorias -, contou
certa vez esta história:
“Um menino
desejoso de possuir um urso verdadeiro, insistentemente aborrecia diariamente o
seu pai pedindo que lhe comprasse um urso de verdade.
“Cansado com a obstinação
do filho, o pai trouxe-lhe finalmente um ursinho recém nascido, que por muito
tempo constituiu-se a alegria do menino.
“Crescendo o
ursinho, atormentava o menino com brincadeiras nada delicadas, arranhando-o e
destruindo os seus brinquedos.
“A situação
tornava-se insuportável e o menino maquinava agora como livrar-se do incômodo
animal sem expor-se à reprovação do pai, que lho dera.
“Acostumara-se a
passear com o ursinho amarando-lhe uma corda ao redor do pescoço, o que repetiu
num certo dia com um intento diferente, sendo o animal já bem crescido. Cansado
e desanimado ele sentou-se à calçada de uma rua.
“Passando por
ali um homem, viu aquela cena insólita e deteve-se junto ao menino, perguntando-lhe:
- “Menino, o que você faz ai com
esse animal horrível? Por que não o solta?
“O menino
encostou o dedo indicador no nariz e sussurrou: - “O senhor não vê que ele está
justamente roendo a corda?”
Nós temos
atitudes muito parecidas com o menino da história. Quando possuímos
entendimento, descobrimos que lutamos por muitas coisas que só nos causam
males, ou que nenhum bem produzem. Então, como fez o menino, ansiamos delas nos
livrar, mas como ele sentimo-nos embaraçados por serem justamente as coisas que
escolhemos.
A Bíblia chama
essa contradição de “sabedoria deste mundo” (I Coríntios
3:19), classificando como “loucura da pregação” a exortação do evangelho para abandonarmos tais coisas e aceitarmos
aquelas que Deus sabe serem as que promovem a verdadeira felicidade (I
Coríntios 1:21). A Palavra de Deus também diz: “Porque a palavra da cruz é
loucura para os que perecem; mas para os que são salvos, é o poder de Deus” (I
Coríntios 1:18).
Têm inventado
muitos termos para referir a desventura do homem. Na Bíblia só encontramos um: pecado,
que significa tudo quanto o homem deseja fora da vontade de Deus. O pecado
é como o urso da história, pois é nosso por nossa própria escolha. E assim como
o urso é o pecado. Se, ou quando, ele começa a incomodar-nos temos nisto o
sinal que tornamo-nos pessoas conscientes, que sabem discernir bem os bons
valores da vida. Mas o incômodo urso não faria tanto dano ao menino quanto o
pecado faz ao ser humano, que por este permanece destituído do poder do
Espírito de Deus.
Diante do
dilema: Cauterizar a consciência ou livrar-se do pecado, o ser humano não pára
de sofrer.
Como o urso, o
pecado começa a roer a corda quando nos inclinamos a ouvir “a loucura da
pregação” do evangelho de Jesus. Vai embora quando pela fé em Cristo a
entendemos e a aceitamos (1Coríntio 1:21).
Sem o pecado as
dores perdem a dimensão do infortúnio e passam a ser perfeitamente suportáveis.
Esse livramento é obra do amor de Deus, tão infinitamente grande e inexplicável
como o próprio Deus. A Bíblia até declara que Amor é o próprio Deus e ainda
fala assim desse amor: “Porque Deus amou
o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).
Para o
livramento da opressão do pecado é preciso confessar Jesus como único Senhor
(Romanos 10:8 e 9). E a verdadeira fé na sua ressurreição leva-nos a crer que,
assim como ele ressuscitou dentre os mortos, ressuscitaremos também pelo Seu
poder (I Coríntios 6:14).
Que o leitor
viva em Cristo para Deus é o que lhe desejam todos os que para Ele já vivem.
NOTA: Esse Conto Ligeiro data de l981, quando
circulou numa edição com dez mil folhetos. O autor era, então, evangelista pela
PIB em Suzano.
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