sexta-feira, 24 de maio de 2013

Poética




Lembranças ancestrais
                            Carlos Mendes

Depois de bisavô, nebulosas
Sombras que só vemos em fotos
Por serem de passados remotos
E sem recordações amorosas.

Ninguém tem memória de quem
Viveu num antanho distante,
Perdido em lembrança errante,
De um outro, que lhe quis bem.

                                 A tua lembrança de alguém
                                 Torna-se ela cambiante
                                 Doutro seguindo bem adiante

                                 Por isso não podes ir além
                                 Da compreensão que o outro tem,
                                 Do teu movimento andante[1].


Soneto com um pouco das culturas filológica e antropológica
(Baseado no Romance das Palavras do filólogo Pedro Luft, Ed. Ática / Verbetes: ABAVÔ, ABAVÚNCULO E ABÂMITA)

 [1] (Mús.) Diz-se de ou trecho de andamento moderado, entre adágio e alegro.

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