11
de setembro de 2001
Quase
sem préstimo o canhão,
Que
sucedeu a espada,
Aremessada
caótica
Dilacerando
os corpos.
Voa
bem alto o avião,
Ogiva
bem armada
Com
bomba atômica exótica:
De
estrangeiros os mortos?
Também
esta arma é inútil
Quando
se imola o homem
Ao
deus vingativo e às pestes.
Talvez
um dia se calem 
Canhões,
aviões, ânsia fútil
Daqueles
que vivem ou dormem.
Manchadas
de culpas as vestes,
Diante
de Deus que ainda falem.
Costumes e
conselhos desprezíveis
Se os costumes forem meus, não haverá quem os adote. 
Se
forem meus os conselhos, serão sempre maus juízos. 
Precavidos
contra a lavra do que antes não havia 
Há
que indagar da autoria: Quem o fez? Ou: Quem o disse? 
E
me induzem ao desvario de comportamento antigo, 
Como
se fosse bom para sempre o rejeitar-me 
E
frustrarem-me a conquista que a muito não consigo.
Argüindo
a minha lira, peço-lhe que sem engano responda 
E
lhe pergunto: condenas-me, ou me declaras inocente? 
Ouço
então que se repete o que dantes ecoou 
Nas
falas que ao apóstolo outrora deu resposta: 
Que
te baste o poder que modelo na fraqueza, 
Pois
facilmente se quebram fragilidades passageiras, 
Mas
permanece para sempre a eterna obra que eu faço.
 Ó firme fundamento, agravas a presente esperança,
Que,
como dizes, é o fruto de instante passageiro! 
É
certo que estás posto como firme ancoradouro, 
Que
a minha débil fé só vislumbra no porvir. 
Também
tu és consolador agora e no depois, 
Mas
sinto no meu peito esperança que não vejo.
Concretiza-a
aí, pois não quero mais sofrê-la aqui.
Entre o Inverno e a Primavera
Quando
não há sol tão enviesado, 
O
pôr-do-sol se mostra cor de gris. 
É
o inverno que se vai embora 
E
emerge o bosque aflorado 
Na
estação, de primavera aprendiz, 
Esplendor
que muito não demora 
É
tempo se mostrando incerto, 
Entretempo
de frio e flores 
Reclamando
uso de agasalho 
E
às vezes dorso a descoberto 
Que
convida amantes aos amores 
E
velhos a tomar um chá com alho. 
A
vida também é uma incerteza.
Pode
exaurir-se com um resfriado,
Consumir-se
pela safadeza,
Fanar-se
com um sopro agônico,
Ante
um acidente caprichado,
Ou
pela ação vencida de um tônico.